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X de Sexo Por Bruna Maia

Nesta semana da mulher, se dê um presente e traia seu marido

Não é que todo homem mereça ser traído, é que toda mulher merece trair

A atriz Rafaela Azevedo
A atriz Rafaela Azevedo - Nanda Carnevali
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Às vezes você ama muito seu namorado, marido, companheiro, mas bate aquela vontade de mamar o colega de trabalho, ser mamada pelo vizinho, sentar no melhor amigo do seu conje, passar o rodo no samba do bairro ao lado. O desejo existe? É seu? É correspondido? Dê vazão a ele. O conselho é meu, mas também é da atriz Rafaela Azevedo, responsável pela personagem cheia de fogo no rabo Fran no Instagram.

Porém, se você não estiver a fim de trair e sente que precisa fazer isso só pra dar o troco, não se sinta obrigada. "Não é sobre o outro, é sobre você. Incentivo as mulheres a saírem do lugar de objeto de desejo e assumirem a posição de seres desejantes", Rafaela esclarece. Pessoalmente, lembro do meu primeiro namorado, ciumento e obsessivo, que contou com a minha fidelidade até o fim. Obviamente eu fui corna. E meu único arrependimento foi não ter cedido ao meu desejo de dar uns amassos num certo colega.

A atriz Rafaela Azevedo
A atriz Rafaela Azevedo - Nanda Carnevali

Ao escrever os parágrafos acima, prevejo a reação chorosa e ofendidíssima de vários homens. Estranho! Aposto que 85% dos chorões já traíram a companheira e não têm o menor constrangimento de dar em cima de outras mulheres. Certamente 50% desses caras com medo de chifre integram a categoria mais desprezível da humanidade, que é aquela que dá chilique quando é tratada da mesma forma como trata os outros. "Nunca vi um homem que nunca tenha traído uma mulher de alguma forma, mesmo que não seja sexual, eles não são nossos aliados, eles são nossos algozes", ela diz, eu concordo.

Quase todos os homens com quem fiquei admitiram duas coisas: haviam traído suas ex-parceiras e haviam tido reações absurdas quando descobriram traição. Um deles, mesmo sendo um traidor compulsivo, se achou no direito de ler o email da moça e dar um tapa na cara dela quando soube que ela deu uma relada num ex da adolescência. Outro, que manteve um relacionamento paralelo por dois anos, teve a coragem de instalar um programa para acessar as correspondências da traída –e deu um escândalo ao saber que ela estava pegando um coroa gostoso.

Tenho esse problema, homens olham para a minha cara e sentem vontade de contar uma verdade. É uma maldição. Como vou querer me envolver depois de ouvir esse tipo de coisa?

Adivinha? Os dois ficaram chocados quando apontei o absurdo de suas atitudes. Para eles as mulheres eram propriedades indignas da fidelidade que exigiam delas e eles tinham o direito de invadir a privacidade delas. Espero que sejam cada vez mais cornos, ostentem chifres maiores que aqueles de um boi da raça watusi, mais ramificados que os galhos de um alce. Guampas que você vê vindo de longe.

Boi da raça ankole-watusi
Boi da raça ankole-watusi - Reprodução

O problema é que essas situações confessadas por meus ex-ficantes ilustram o motivo que leva mulheres a não se lançarem nessa aventura: a violência doméstica. No primeiro semestre do ano passado, foram 31 mil denúncias a órgãos oficiais no país. Como muitas de nós não temos coragem de denunciar, o número é bem maior. Diante da traição ou da mera suspeita, é comum que a reação masculina seja a agressão física. E isso não tem a ver com classe, educação –os dois citados são homens de famílias de classe média e educação "superior". Se você estiver passando por isso, disque 180.

Alce na floresta
Alce na floresta - Reprodução

Agora que fiz a ressalva sobre os casos flagrantes de abuso, digo que é óbvio que pessoas em uma relação simétrica e sincera não precisam trair umas às outras. Adultos plenamente funcionais podem fazer acordos de relacionamento aberto ou viverem o poliamor se quiserem transar e amar outras pessoas. Mas as coisas não se resolvem magicamente. Ciúme e insegurança não desaparecem no momento em que você olha pro outro e diz "não monogamia". É um processo de desconstrução que exige alguma coragem –além de respeito aos acordos. "A não monogamia não é um jeito de trair sem culpa, é um jeito de se relacionar com honestidade. Tem gente que consegue trair mesmo em um relacionamento não monogâmico", diz Rafaela.

Pois é, enquanto a honestidade e a simetria não chegam ao seu relacionamento, se bater a vontade de trair seu alecrim dourado com um manjericão de platina, paciência.

Vale mencionar, contudo, que alguns homens ficam muito excitados em ver a namorada transando com outro, em escutar todas as peripécias sexuais da amada. É o tal do fetiche de corno, conhecido como cuckold. Se você gosta da ideia, curtam juntos essa fantasia. Mas tenha em mente que o importante é o seu desejo, não o dele. Se você quer dar e não sente prazer em fazer isso com o seu marido olhando ou não tem nenhuma vontade de contar o que fez na noite passada, aja de acordo com o seu querer e siga esse ensinamento do nosso misógino mais talentoso, Nelson Rodrigues:

"O marido não deve ser o último a saber, o marido não deve saber nunca".

*nem todo homem

X de Sexo por Bruna Maia

Bruna Maia é escritora, cartunista e jornalista. É autora dos livros "Parece que Piorou" e "Com Todo o Meu Rancor" e do perfil @dabrunamaia nas redes sociais. Fala de tudo o que pode e do que não pode no sexo.

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