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Tony Goes

BBB 24: Maycon carregará para sempre a pecha de 'primeiro eliminado da temporada'

Brother não chegou a ser um vilão, mas apenas um chato de galochas

Maycon Cosmer, primeiro eliminado do BBB 24 - João Cotta - 12.jan.2024/Globo
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No Brasil, a terra onde se inventou a passagem de pano, poucos currículos ficam manchados por toda a eternidade. Somos o povo do deixa-disso, que reelege políticos condenados por corrupção e recebe de volta com aplausos um goleiro que cumpriu pena por assassinato.

Mas existe uma nódoa que resiste até às mais elaboradas campanhas de reabilitação: ser o primeiro eliminado de um reality show. É o suprassumo da humilhação. O ponto mais baixo onde alguém pode chegar.

E, na maioria das vezes, a culpa nem é da pessoa: ela simplesmente deu o azar de cair no primeiro paredão ou roça da temporada. Foi indicada pelo líder ou pelo fazendeiro por causa de uma suposta "falta de afinidade", e não teve tempo de conquistar as graças do público.



Pelo resto da vida, nas poucas vezes em que for lembrado pela mídia, o coitado verá seu nome acompanhado pelo epíteto "primeiro eliminado do reality tal". Já o segundo eliminado cairá no esquecimento e tocará sua vida sem problemas.

Mas o que acontece quando esse primeiro eliminado realmente mereceu ser expulso do jogo logo nos primeiros dias? É o caso do cozinheiro escolar Maycon Cosmer da Silva, que se tornou a figura mais impopular do BBB 24 logo na noite de estreia do programa.

O público conviveu com Maycon por menos de uma semana. Quando ele foi anunciado na sexta (5) como um dos participantes desta edição, gerou simpatia imediata ao se definir, no vídeo de apresentação, como "a tia da merenda". Também caíram bem suas declarações de que é possível ser feliz com empregos simples.

Mas duas declarações desastradas do catarinense selaram seu destino. Durante a primeira prova de resistência, ele sugeriu que o atleta paralímpico Vinícius Fernandez, que teve uma perna amputada, fosse apelidado de "coto".

A gracinha pegou muito mal nas redes sociais. Como se não bastasse, depois Maycon disse a Wanessa Camargo que tinha medo de se aproximar de Yasmin Brunet por causa das roupas ousadas usadas pela modelo. Soou como machismo, e de fato é.

Emparedado pela líder Deniziane, na noite de quinta (11), Maycon teve colossais 84,6% dos votos pedindo sua eliminação. Sua reação bizarra ao saber que estava fora do programa assustou os internautas. Depois, em conversas com Thaís Fersoza e Ana Maria Braga, saiu-se primeiro com o clássico "fui mal interpretado", antes de ajustar o discurso para "me expressei mal".

Maycon Cosmer remete aos brothers e sisters dos primórdios do Big Brother Brasil, quando ninguém tinha equipe de apoio aqui fora além da própria família e nem existiam "coaches" que ensinam os mais abastados como evitar atitudes preconceituosas lá dentro.

Diga-se a favor de Maycon que ele se mostrou como realmente é: capacitista, machista, folgado. Um cara que se acha mais engraçado do que realmente é, assim como a maioria dos brasileiros.

É costume lamentar a defenestração precoce de vilões que agitam o jogo, pois a ausência deles eleva o nível de gás carbônico emitido pela fotossíntese das plantas da casa. Mas Maycon não chegou a ser um vilão. Era só um chato de galochas. E, lamento dizer, não fará a menor falta.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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