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Tony Goes

BBB 23: Fulana é a vencedora, ou será que é Beltrana? Quem se importa?

Sequestrado por torcidas, programa desperdiçou bom elenco e boas histórias

Amanda
Aline, Amanda e Bruna foram as finalistas do BBB 23 - Reprodução/Globo
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São Paulo

O BBB 23 não acabou nesta terça (25). A edição mais flopada de todos os tempos do Big Brother Brasil na verdade terminou quando o último brother interessante deixou a competição. Na casa ficaram apenas Fulana, Sicrana e Beltrana, três jogadoras sem o menor apelo para quem não faz parte de suas torcidas organizadas.

Fulana, como se sabe, foi a vencedora dessa temporada. Ou foi Beltrana? Quem se importa? No que isso muda a vida de qualquer um de nós? Nem a de quem virou noites e mais noites votando para dar a vitória a Fulana, ou a qual-é-mesmo-o-nome-dela.

Este é o terceiro ano consecutivo em que uma torcida sequestra o programa. Desde 2020, quem ganha o BBB não é exatamente o participante mais popular, mas aquele que conseguiu amealhar o fandom mais fervoroso.

Neste ano, os adeptos de Fulana e Sicrana extrapolaram o mero fanatismo e resvalaram para o crime, hackeando os perfis dos críticos de suas "ídalas" para que não falassem mal delas nas redes sociais. Perigam encarar um confinamento para valer, sem direito a prêmio no final.

Esse comportamento abjeto virou um problema para a Globo, já que alguns anunciantes reclamaram de ter suas imagens associadas aos delinquentes. Mas é ínfima a possibilidade de que a emissora mude o sistema de votação, extinguindo a possibilidade de o espectador votar quantas vezes quiser. Ela ainda vibra com votações massivas, embora esses números tenham despencado em 2023.

O que fazer, então, para que uma final chocha como a deste ano não se repita? A primeira providência a ser tomada é melhorar a edição do programa diário, que vai ao ar na TV aberta. Nesta temporada, diversas narrativas que surgiram dentro da casa não foram devidamente contempladas, e a suspeita de que alguns competidores foram favorecidos tem bastante fundamento.

Racismo e assédio sexual tinham tudo para serem os grandes temas desta edição, mas no final o que prevaleceu foi mesmo a disputa sensaborona entre Fulana, Beltrana e Sicrana. Aquele histórico BBB 20, que refletia e discutia as mazelas do país, foi se esvaindo nos anos seguintes, até se tornar um concurso que premia quem grita mais alto.

O Brasil tá vendo? Cada vez menos. O BBB ainda lidera com folga seu horário, e seu faturamento bilionário deve ser maior que o PIB de vários países pequenos. Mas a repercussão foi minguando, à medida que os jogadores que tinham algo a dizer foram sendo eliminados.

A Globo fez o que pôde para tornar mais atraente essa suposta grande final. Tentou criar uma narrativa de sororidade entre as três finalistas, quando havia histórias muito mais interessantes que poderiam ter sido contadas. Os números musicais com os ex-BBB foram divertidos, mas não salvaram a noite.

O deserto venceu o BBB. Não só o quarto Deserto, de onde saíram Fulana, Beltrana e Sicrana, mas o deserto de ideias, de interesse, de entretenimento. Foi uma temporada chata, que conseguiu desperdiçar um bom elenco e terminou desenxabida. Já vai tarde, e que não venha outra igual em 2024.

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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