BBB 23: Paredão morno pode ser sinal de que o programa está perdendo relevância
Poucos votos e audiência baixa contrastam com sucesso de edições anteriores
A pergunta que não quer calar: será que, finalmente, o Big Brother Brasil entrou em decadência?
Seria até esperado, depois de 21 anos no ar. Todo programa de TV cumpre um ciclo e, eventualmente, termina.
Mas o BBB vem se mostrando para lá de resiliente. Ainda lidera com folga seu horário na Globo, além de alavancar a audiência do Globoplay e engajar milhões de internautas nas redes sociais.
Só que está engajando menos. A atual edição ostenta, até o momento, o pouco honroso título de menos vista de todos os tempos. Será que o fim do BBB está próximo?
Esse desinteresse pelo programa contrasta com o que aconteceu em 2020, primeiro ano da divisão entre os grupos Pipoca e Camarote. Também foi o primeiro ano da pandemia. Confinados em casa, sem nenhuma diversão externa, os espectadores se agarraram ao BBB 20 como uma tábua de salvação.
Aquele elenco era bom, com nomes como Babu Santana, Manu Gavassi, Rafa Kallimann e Thelma Assis. O paredão entre Manu, Felipe Prior e Mari Gonzalez contabilizou inacreditáveis 1,5 bilhão de votos, o maior número alcançado pelo formato em qualquer tempo e em qualquer lugar.
O paredão desta terça (7) no BBB 23, entre Tina Calamba, Gabriel Santana e Cezar Black, atraiu pouco mais de 47 milhões de votos. Mais de trinta vezes menos do que a histórica berlinda do BBB 20... Este último trio emparedado jamais despertou grandes emoções. Nem pró, nem contra. Nas redes sociais, surgiu o apelido de "paredão do tanto faz". Qualquer um que saísse não faria falta ao jogo.
Tina acabou sendo eliminada, com 54,12 % dos votos. A modelo angolana poderia ter ficado mais tempo na casa, pois era uma personagem interessante. Mas acabou sendo rejeitada pelo público por causa da inconsistência de suas atitudes.
No entanto, Tina não era a única inconsistente. Em seu discurso, o apresentador Tadeu Schmidt reforçou a necessidade de "mudança", exortando os participantes a abandonarem a neutralidade e a se exporem mais.
O fato é que, depois de mais de três semanas no ar, este BBB ainda não se firmou. Não encontrou seu tema. Racismo, homofobia, assédio, cancelamento, tudo isto marcou as edições de 2020 e 2021 (a de 2022, bem menos). Agora, o maior problema em pauta parece ser a recusa em emprestar uma peruca.
Claro que é absurdo exigir que o BBB seja um retrato do que aflige o Brasil. O reality é, antes de mais nada, entretenimento, e jamais se propôs a outra coisa. Nós, público e crítica, é que passamos a enxergar nele uma caixa de ressonância das mazelas nacionais.
Mas nem entretenimento o BBB 23 está entregando. Falta na casa atual alguém carismático como Juliette ou Gil do Vigor. Falta uma vilã absoluta como Karol Conká. Falta alegria entre os próprios brothers: ninguém lá dentro parece que está se divertindo. Já reparou que, depois que o eliminado vai embora, os emparedados que ficaram não se atiram mais na piscina, aos gritos de "obrigado Brasil"?
O que pode salvar esta edição? O sexo entre Gustavo e Key Alves? Os discursos pedantes de Fred Nicácio? Ou algum lance inesperado, que, sem dúvida nenhuma, Boninho e sua equipe estão queimando a cabeça para inventar?
Talvez seja tarde. Talvez o BBB esteja mesmo em queda livre. Com o arrefecimento da pandemia, descobrimos todos que temos mais o que fazer.
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