Por que tem ator que prefere não renovar com a Globo?
Marco Pigossi é outro que resolveu se aventurar fora da emissora
Durante muito tempo, a Globo proporcionou estabilidade a alguns dos membros de uma das profissões mais instáveis do mundo. A emissora mantinha centenas de atores sob contrato por prazos relativamente longos, de três a cinco anos. A maioria era renovada, às vezes por décadas a fio.
Essa política acabou. O novo modelo da Globo é manter apenas uns poucos medalhões em seu elenco fixo. O resto terá vínculo por obra certa –apenas o tempo em que durar uma novela ou uma minissérie – podendo, uma vez encerrado o contrato, ir trabalhar na concorrência. Ou ficar desempregado, é claro.
De uns dois anos para cá, essa mudança fez com que muitos atores identificados como “globais” deixassem de sê-lo: Malu Mader, Kadu Moliterno, Cristiana Oliveira... Alguns já foram chamados para novos trabalhos na casa, como Isabella Garcia e Luiz Fernando Guimarães. Outros, como Pedro Cardoso, foram à imprensa reclamar por terem sido dispensados depois de tantos anos. Carolina Ferraz e Maitê Proença entraram com processos trabalhistas na Justiça.
Mas há um outro movimento acontecendo na emissora: os atores que não querem contratos longos, mesmo quando poderiam tê-los. Trocam a segurança de um salário mensal pela liberdade de se arriscar em projetos diferentes.
O fenômeno não é novo. A pioneira talvez tenha sido Sonia Braga, que, em meados da década de 1980, deixou de ser uma atriz do primeiro escalão da Globo para se aventurar em Hollywood. Até hoje ela mora nos Estados Unidos.
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No começo da década passada, Rodrigo Santoro fez o mesmo. Assim como Sonia, ele também voltou a fazer trabalhos na Globo, mas sempre por pouco tempo. Para ambos, a carreira internacional é o que pesa mais.
Selton Mello e Wagner Moura são dois outros exemplos de atores que poderiam estar protagonizando novelas. O primeiro até faz uma série ou outra na Globo; o segundo não aparece em uma produção da emissora há mais de dez anos.
Há também os casos de Caio Castro e Maria Casadevall. Ele emendou o papel de dom Pedro I na novela “Novo Mundo” (2017) com a apresentação do reality “Are You the One?” na MTV. Ela intercala trabalhos na Globo, como “Os Dias Eram Assim” (2017), com séries para a TV a cabo e o streaming.
E agora temos Marco Pigossi, que não renovou seu contrato com a Globo no começo do ano para fazer um curso no exterior. Desde então, ele já gravou a série australiana “Tidelands”, que estreia em 2019 na Netflix, e acertou sua participação em outra, a nacional “Cidades Invisíveis”, para a mesma plataforma.
Não faltam convites para todos os citados. É por isso que eles se dão ao luxo de escolher seus trabalhos. Se ficassem na Globo, talvez fossem obrigados a aceitar papéis desinteressantes em novelas e se submeter a um ritmo frenético de gravações por vários meses.
No mais, a fragmentação do mercado em dezenas de novos “outlets” – de serviços de streaming a canais no YouTube – tem feito surgir inúmeras oportunidades de trabalho, e não só para as estrelas já consagradas.
O fato é que, no resto do mundo, quase nenhuma emissora de TV mantém um elenco fixo. Nesse sentido, a Globo era uma anomalia, e está deixando de ser. Não duvido nada que, daqui a alguns anos, ninguém mais fale em “ator global”.
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