Não parem os fogos. Fernanda Torres já é bicampeã
Indicação mostra que o carisma e bom humor da nossa estrela não perdeu força ao passar do português ao inglês e encantou votantes de vários países
O milagre aconteceu mais uma vez. Fernanda Torres fez história e conseguiu uma disputada vaga entre as cinco que disputam o Oscar de melhor atriz. Melhor ainda: além de filme internacional, "Ainda Estou Aqui" também se tornou um dos dez finalistas ao prêmio máximo, o Oscar de Melhor Filme. Melhor, impossível para nós. Agora, o domingo de Carnaval vai ser também o domingo do Oscar. Já podemos preparar as fantasias de careca dourado para atrair sorte.
A indicação de Fernanda prova não só que valeu a pena toda a agenda de eventos e entrevistas que Fernanda cumpriu de Los Angeles a Nova York. Prova também que seu carisma e bom humor, que não perdeu nem 1% da força ao passar do português ao inglês, encantou americanos e votantes de vários países.
E nem importa se Fernanda vai ganhar –ela tem pela frente Demi Moore em "A Substância", Cynthia Erivo em "Wicked" e Karla Sofia Gascón, a primeira atriz trans a ser indicada, por "Emilia Pérez". Ela já é bicampeã e vai sentar na janelinha da maior premiação de cinema do mundo. Deixou pra trás mais uma vez Angelina Jolie, Nicole Kidman, Kate Winslet, suas rivais no Globo de Ouro.
Neste momento, nossa diva parece ter mais chances que o filme em suas duas categorias. Em filme e filme internacional, temos pela frente um longa francês de recepção bem polêmica, mas com 13 indicações na bagagem.
"Emília Pérez" tem todo o dinheiro da Netflix por trás de sua campanha. Mas ainda há chances de ele perder fôlego até a premiação. Basta lembrar que quase todo ano tem algum filme com oito ou mais indicações que, na hora do vamos ver, não leva nenhum – foi o caso do ótimo "O Irlandês", de Martin Scorsese. Por isso, convém não parar a pressão ininterrupta que os brasileiros fazem em cada post nas redes e cada vídeo no Youtube.
De qualquer modo, cancelem os blocos de Carnaval de domingo a partir das 22h. Será preciso sentar em frente a TV, bêbado ou não, e reforçar aquela corrente de oração que às vezes dá certo. Esta já é a participação mais forte do Brasil na premiação desde que "Cidade de Deus" concorreu em quatro categorias em 2004 —direção, fotografia, montagem e roteiro adaptado.
Diante de tamanha euforia, fica até difícil falar das outras categorias. Foi lindo ver, depois de muitos anos, um terror como "A Substância" conseguir uma vaga em melhor filme, ao lado do pequeno e aclamado "Nickel Boys" e de "Wicked", um musical que agradou várias gerações.
Poucos dias depois da posse de Trump, os membros da Academia não deixaram de dar uma indicação a Sebastian Stan por seu retrato nada abonador do presidente em "O Aprendiz", filme duramente criticado por Trump na época do lançamento. Mas... Adrien Brody pelo arquiteto húngaro de "O Brutalista" e Timothée Chalamet como Bob Dylan em "Um Completo Desconhecido" devem ter mais chances.
Mas pra que perder tempo falando do resto? Como aconteceu no Globo de Ouro, vamos sofrer por ao menos duas horas até chegar a categoria de Melhor Atriz. E se o milagre já aconteceu uma vez, por que não pode acontecer mais uma?
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