Mesmo com problemas técnicos, Times Brasil mostra a que veio em sua estreia
Novo canal de notícias aposta em reportagens e entrevistas sobre grandes empresas, enquanto o concorrente CNN Money, mais ágil, foca nas cotações e movimentações diárias do mercado
O Times Brasil, canal de jornalismo econômico ligado ao americano CNBC, estreou na noite do último domingo (17) em meio a muitos tropeços. O principal foi a mudança de nome em cima da hora —a princípio, seria CNBC Brasil.
Os apresentadores estrearam ainda "duros", sem saber onde colocar as mãos; e, nas redes, houve mudança de perfil e reclamação de espectadores que não conseguiam sintonizar o novo canal.
Indisponível nas operadoras de TV paga e ainda sem transmissão pelo YouTube, foi preciso acompanhar a estreia pelo site do Times Brasil. Por fim, houve muitos problemas de áudio e captação de som dos repórteres e comentaristas ao longo desta segunda, tanto no estúdio quanto nas externas.
Com a má repercussão nas redes, o jeito foi brincar: na última segunda à noite, o canal postou um vídeo de humor em que Christiane Pelajo, uma das estrelas do projeto, explicava a mudança de nome do canal a Natalia Ariede e consolava a colega pelos problemas de áudio ocorridos. Foi melhor rir do que chorar.
Problemas técnicos à parte, que são até normais em uma estreia, o conteúdo e o formato apresentados nas primeiras horas já mostrou grandes diferenças em relação a seu principal concorrente, o CNN Money.
Vale ficar atento às diferenças, já que o Times Brasil é o novo projeto de Douglas Tavolaro, que há seis anos comandou o lançamento da CNN no Brasil.
Enquanto o CNN Money dá bastante foco às cotações e movimentações diárias do mercado —tanto que a tela do canal parece um painel de corretora da Bovespa, com dezenas de notícias e cotações ao mesmo tempo—, o Times Brasil trouxe um diferencial herdado da CNBC americana: as grandes reportagens e entrevistas sobre grandes empresas e companhias.
É algo ainda pouco explorado na mídia brasileira, mais afeita à cobertura da macroeconomia e das ações do governo.
Em suas primeiras horas, o Times Brasil exibiu, entre outros, uma entrevista com o CEO Global da Scania, Christian Levin, e uma matéria "importada" com a história da criação do Airbnb. Nos EUA, matérias assim, focadas em empresas específicas, são moeda corrente nos canais de jornalismo.
Se o novo projeto ajudar a mudar essa mentalidade por aqui, já terá sido uma boa conquista. Outra diferença sentida ao longo do dia: enquanto o Times destacou a presença de comentaristas e entrevistados ao vivo no estúdio, um pouco à maneira da Globonews, o CNN Money seguiu um dia normal, com quase todas as entrevistas e entradas de convidados online.
G20 em duas telas
As diferenças também se fizeram sentir na cobertura do grande evento da segunda-feira (18), a abertura da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, com dezenas de líderes mundiais. O CNN Money saiu na frente, entrando primeiro no ar com as imagens dos líderes chegando para a primeira reunião da cúpula —com imagens significativas como Emmanuel Macron, presidente da França, e Javier Milei, presidente da Argentina, num papo aos risos. Mas às 11h08, os dois canais já estavam transmitindo ao vivo o discurso de abertura de Lula, que enfatizou o combate global à fome.
O pequeno atraso do Times foi compensado com algumas reportagens e entrevistas de desdobramento, como um mapa detalhado com os números da fome no mundo e uma entrevista ao vivo sobre as demandas femininas no mercado de trabalho, que foram pauta no G20 Social na semana passada e também serão no G20.
Para o Money, também foi difícil competir com as três grandes autoridades federais que o Times entrevistou para dar peso ao lançamento. Christiane Pelajo fez entrevista exclusiva com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Fabio Turci conversou com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso. E o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou com a CNBC americana, numa conversa exibida com tradução simultânea.
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