Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Thiago Stivaletti

Depois do BBB, Marcos Veras ataca de psicanalista e faz sessão de análise no palco

Comediante que teve quadro de humor no reality convida uma pessoa da plateia a abrir o coração em divã durante espetáculo

Homem de jaqueta e barba se olha no espelho
O ator Marcos Veras no camarim do teatro - Thiago Stivaletti/Folhapress
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Marcos Veras virou psicanalista. Não, o ator e comediante não trocou os holofotes pelo consultório. Durante alguns minutos de seu stand-up "Vocês Foram Maravilhosos", que estreia neste sábado (3) em São Paulo, ele convida uma pessoa da plateia para subir ao palco, deitar numa cadeira de lona que serve de divã e contar algum sonho, frustração ou medo que têm na vida. "É uma terapia coletiva. Faço questão de dizer que tudo o que acontecer aqui no teatro, vai ficar aqui", explica.

O momento psicanálise é quase uma pausa dramática num espetáculo de comédia. "É o momento em que eu estou mais atento, onde tudo pode acontecer. Mas não tem aquele constrangimento de zoar uma pessoa da plateia, com 500 pessoas rindo de uma só", explica.

Nas temporadas no Rio (RJ), Belo Horizonte (MG) e Brasília (DF), ele já ouviu histórias como a da noiva que foi sozinha ver a peça logo depois de uma DR com o noivo que não acabou bem, ou a da moça que não via o pai há muitos anos –ele propôs ser esse pai por alguns instantes no palco, e ela começou a desfiar para ele uma série de ressentimentos guardados.

O público só se abre depois que o próprio Veras faz sua sessão de análise, relembrando o início de carreira na Globo ao lado de Agildo Ribeiro (1932-2018) no Zorra Total e momentos dolorosos, como a perda do pai e da irmã de 33 anos num período de apenas nove meses. Ele também não hesita em compartilhar com a plateia os áudios que troca com a mãe pelo WhatsApp.

Veras é adepto da psicanálise há oito anos. "Já chego tirando o sapato para deitar no divã. Quanto não posso ir e preciso fazer sessão online, já me peguei reproduzindo o divã em casa, deitando, colocando o notebook ou celular atrás de mim para ouvir só a voz da minha analista", conta.

E o que aprendeu sobre si em oito anos de análise? "Descobri... que eu preciso de mais análise. Ainda mais sendo artista e pai no Brasil", brinca.

Ele é pai de Davi, de quatro anos, filho do seu casamento com a atriz Rosanne Mulholland. "A paternidade traz muitos medos. Hoje eu já não ando de avião do mesmo jeito, tenho medo de faltar a ele. Como fui pai aos 40, fico pensando que já vou ter 60 quando ele tiver 20. Será que ele vai ser bacana ou vai me dar trabalho? E será que eu vou ter uma cabeça boa para acompanhá-lo?", indaga.

BBB CLAUSTROFÓBICO


Seu stand-up estreia em São Paulo depois de meses muito agitados, dedicados ao musical "Alguma Coisa Podre" e ao seu quadro de comédia no BBB 24, em que invadia a casa ao lado de outros famosos. Veras contava com dois roteiristas para lhe ajudar com o texto. "Às vezes, fazíamos reunião às 8h para mudar coisas, dependendo do que tinha rolado de madrugada na casa. E na hora também tinha muito improviso, porque o meu convidado não tinha texto."

Foi ao seu lado que Lázaro Ramos imitou vários participantes do reality, e que Sabrina Sato e Gil do Vigor revisitaram o programa. "A casa do BBB é um pouco claustrofóbica, menor do que parece na TV. Aquela quantidade enorme de câmeras me inibiu no começo. Depois fui me soltando."

Ele não tinha um BBB favorito para vencer o programa, mas, como sua torcida era 'pelo entretenimento", ficou feliz quando Bia e Davi avançaram no jogo, já que "faziam o programa render". Apesar do sucesso, seu quadro ainda não está confirmado no BBB 25. "Ano que vem, não sei... Vou de Camarote ou Pipoca? Fica a dica, Boninho!", brinca.

Num momento em que a Globo não tem nenhum programa de humor em sua grade, Veras não acredita que a comédia passe por uma crise. "Quando alguém fala que tá difícil fazer humor, isso vem acompanhado de uma certa preguiça, uma resistência de mudar, olhar para o novo. Já passamos por essa fase, de ter que se reinventar. Se alguém ainda fala 'pô, eu não posso mais falar de gay, de negro, de loira burra?!'... Não, não pode", diz. "Nesta peça eu faço humor com a minha própria vida e não agrido ninguém."

"Vocês Foram Maravilhosos"
Sábados, 20h, e domingos, 18h. Até 22 de setembro. Ingressos a partir de R$ 40
Teatro das Artes (Shopping Eldorado – Av. Rebouças, 3.970, Pinheiros)

Thiago Stivaletti

Thiago Stivaletti é jornalista e crítico de cinema, TV e streaming. Começou a carreira como repórter na Folha de S. Paulo e foi colunista do portal UOL. Como roteirista, escreveu para o Vídeo Show (Globo) e o TVZ (Multishow).

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem