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Rosana Hermann
Descrição de chapéu Todas LGBTQIA+

Carlinhos Maia e o caso de transfobia contra Liniker

Cantora é admirável e usa seu dom, arte e existência para fazer um mundo melhor

A imagem mostra uma pessoa em pé ao ar livre, com um fundo desfocado de árvores. A pessoa está usando um top feito de contas coloridas e um sutiã branco da Calvin Klein. Eles têm cabelo curto e loiro, e estão usando várias joias, incluindo colares e anéis. A expressão facial é séria, com a mão esquerda sobre o peito
A cantora Liniker - Rony Hernandes/Divulgação
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São Paulo

Não vou estragar meu final de ano arrumando encrenca com mais de 30 milhões de seguidores de Carlinhos Maia. Cada um segue quem quer, somos todos livres para nos expressarmos e estamos numa democracia, apesar de todos que tentaram (e continuam tentando) acabar com o estado democrático de direito.

Mas também não vou entrar 2025 calada, fingindo que não estou vendo a transfobia acontecendo em todo lugar. Todo lugar. Se você não leu a matéria do competente Gabriel Vaquer (adoro!), leia. A coluna de Vaquer traz, além da notícia de que Carlinhos Maia foi denunciado para o Ministério Público por transfobia contra a Liniker, o vídeo em que ele chama a artista por pronomes masculinos, vídeo esse que ele apagou depois.

Leia o texto, assista ao vídeo e forme sua opinião. Eu já vou dar aqui a minha. E não é sobre o influenciador nem sobre os pronomes neutros que ele menciona, dizendo que se confunde, que não sabe qual deles usar, mas sobre a transfobia em geral.

Que problema é esse que tantos têm com pessoas trans? Que fantasia delirante eles inventaram para ter tanta aversão a seres humanos que não se identificam com seu sexo biológico atribuído no nascimento? Em que isso, um tema tão pessoal de cada um, a identidade de gênero, afeta a vida dessas pessoas preconceituosas?

Eu vejo candidatos a cargos eletivos aqui no Brasil que levantam bandeiras contra mulheres trans falando do "perigo" de usarem o banheiro feminino. Perigo? Em perigo estão todas as crianças, meninos e meninas que sofrem abusos em suas casas por seus parentes, por vizinho, por homens conhecidos, as mulheres que sofrem violência doméstica, as pessoas atingidas por balas perdidas. Não faz sentido, mas essa gente se elege porque amedronta a população com delírios fantasiosos contra pessoas trans.

E tem o Trump, que vai ser, novamente, dentro de alguns dias, o homem mais poderoso do planeta. Ele fez uma declaração absurda dizendo que vai acabar "com a loucura transgênero", que vai ser política de governo que nos Estados Unidos só haja dois gêneros, homem e mulher.

Chega a dar medo tamanho absurdo. No entanto, Liniker existe e é uma força da natureza. Está em um momento brilhante, lotando shows, sendo consagrada no Prêmio Multishow. 2024, como tantos dizem, foi seu ano. Querem negar que ela exista? Não sei o que vai acontecer depois da denúncia.

Se o Ministério Publico vai analisar, encaminhar, acatar, se vai investigar. Só sei que o tema precisa ser conversado, aceito, normalizado, porque pessoas trans existem, crianças trans existem, quer influenciadores, deputados, presidentes queiram ou não. E têm todos os direitos como todas as pessoas têm. Os mesmos que você, eu, Carlinhos Maia.

E, sim, é uma pena que ele não use seu poder de influência do jeito que muitos de nós gostaríamos, mas isso não é da nossa conta, não está ao nosso alcance. Cada um faz sua parte. Eu estou aqui fazendo a minha, usando essa coluna opinativa para dizer que Liniker é admirável e usa seu dom, sua arte, sua existência para fazer um mundo melhor. Vida longa à Liniker!

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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