Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Rosana Hermann
Descrição de chapéu Todas YouTube

Anitta, Arósio, Jout Jout e a importância de sair de cena por uns tempos

Pensar nessas mulheres e em seus movimentos de vida pode iluminar nosso próprio caminho

 A imagem apresenta três mulheres em retratos distintos. À esquerda, uma mulher com cabelo curto e liso, sorrindo, vestindo uma blusa clara e segurando um chapéu. No centro, uma mulher com cabelo longo e ondulado, usando um colete de couro preto com detalhes de onça, e um colar de corrente. À direita, uma mulher com cabelo cacheado, usando um suéter cinza listrado e sorrindo, com um fundo de estantes de livros.
Ana Paula Arósio, Anitta e Jout Jout refletiram sobre o que queriam para suas carreiras - Instagram/AFP/Folhapress
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Talvez você já tenha sentido, algum dia na vida, aquela vontade de largar tudo e ir para o mato, longe de tudo e de todos.

Esse "mato" pode ser no sentido literal —o mato real, rural, onde você se conecta com a natureza sem senha e sem Wi-Fi — ou no sentido figurativo, metafórico, quando a vontade é de buscar o interior de si mesmo.

Para pessoas comuns como nós, a decisão pode parecer mais simples. Difícil mesmo é abandonar fama, fortuna, sucesso e o conforto dessas conquistas que tantos desejam (e pelas quais alguns dão a própria vida) para se isolar e viver com pouco. A atriz Ana Paula Arósio é praticamente um ícone dessa ideia.

Jovem, talentosa e belíssima, Ana Paula começou sua carreira como modelo com apenas 12 anos. Como atriz, fez trabalhos de grande repercussão, entre eles a minissérie "Hilda Furacão" (1998) e a novela "Terra Nostra" (1999). Após muito sucesso e incontáveis prêmios, Arósio abandonou as gravações da novela "Insensato Coração", pediu demissão da Globo e foi morar em um sítio em Santa Rita do Passa Quatro, no interior de São Paulo, com o marido. Mais tarde, mudou-se para a zona rural de Swindon, na Inglaterra. Reapareceu nos anos 2020 para fazer o comercial de um banco.

Na nossa era digital, outro símbolo desse desapego é Julia Tolezano, conhecida como Jout Jout. Após um estrondoso sucesso no YouTube e uma transição para a TV, a influenciadora abandonou sua carreira no auge e sumiu. Soube-se depois que ela engravidou, teve um menino e foi morar no mato.

Há poucos dias, JoutJout anunciou um evento ao vivo para conversar com seus fãs (cujos ingressos já estão esgotados) e, no dia 27 de novembro, foi destaque nas redes sociais com o lançamento do podcast de Chico Felitti, "De Saída", cujo episódio de estreia traz uma entrevista com ela em sua casa, numa cidade rural de mil habitantes.

Nessa conversa, entendemos o quanto essa "busca pelo mato" de Jout Jout é literal. Além da casa simples onde mora com o companheiro e o filho, sem Wi-Fi ou televisão, ela fala de um terreno que comprou numa chapada (não disse qual) onde montou uma casinha de palha e pedra que "nem banheiro tem", como descreveu.

Assim como Julia, muitas pessoas fazem escolhas por uma vida mais orgânica e simples, como no caso da filha de Ana Maria Braga, Mariana Maffeis, praticante da filosofia Vedanta Vaishnava e professora de ioga. Mariana mora com o marido e os quatro filhos em um sítio em Botucatu e está construindo uma casa sustentável com o apoio da mãe. Apesar de tudo ser feito com material ecológico e artesanal, certamente a casa terá banheiros. Mas, cada um, cada um, sem julgamento.

O que salta aos olhos, no entanto, não é apenas a decisão de viver com menos conforto e tecnologia, mas o fato de essas mulheres terem parado para pensar em como querem viver, que pessoas desejam se tornar.

Anitta, talvez a artista brasileira mais bem-sucedida da atualidade, também está repensando sua vida. Em uma entrevista recente ao Fantástico, Anitta falou de forma calma e madura sobre a jornada de autoconhecimento que iniciou há dois anos. Em uma postagem no Instagram, compartilhou uma página do livro de Caio Fernando Abreu, "Onde andará Dulce Veiga?", que fala sobre uma cantora famosa que abandonou sua carreira no auge.

Anitta não disse que vai largar tudo que conquistou para sumir no mato, mas deixou claro que deseja transcender e fazer com que uma nova "ela" possa surgir. O "mato" de Anitta não é literal, mas espiritual. Ela fala de uma fome que sempre teve — de ser constantemente comentada, de estar continuamente na mídia — e enxerga essa fome como a necessidade de preencher um vazio que nunca se sacia.

Refletiu sobre essa busca por números cada vez maiores de dinheiro, fãs e plateias, que jamais termina, já que os números são infinitos. Anitta desacelerou para estar no aqui e agora, viver o momento e investir sua energia também em uma relação a dois.

Pensar nessas mulheres — Anitta, Jout Jout, Ana Paula Arósio — e em seus movimentos de vida pode iluminar nosso próprio caminho. Talvez seja um bom momento para refletir sobre a vida que queremos ter, que vale a pena ser vivida. Lembrando sempre que podemos decidir, voltar atrás e tentar outros caminhos. Podemos sumir e voltar.

O importante é que cada passo seja consciente. O importante é não se deixar levar pela busca insana da internet por mais e mais fama, sucesso, seguidores e likes, sem nem saber se isso nos faz bem. Então, a todas essas famosas, obrigada pela lição alcançada: busque seu "mato" interior, seja ele qual for.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem