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Rosana Hermann
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Famosos, cuidado com os presentes que vocês recebem!

Entre os milhares de fãs bacanas de um artista, pode sempre haver alguém desequilibrado

AirTag, dispositivo que pode expor a localização de um objeto ou pessoa - Brendan Smialowski/AFP
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Fiquei chocada com a matéria do F5 sobre o caso da influenciadora Carol Souza, que recebeu um ursinho de pelúcia de um seguidor e descobriu que havia um rastreador eletrônico dentro dele.

Trata-se de um AirTag, um dispositivo pouco maior que uma moeda de R$ 1 que pode ser colocado dentro de bolsas, malas e conectado a um aplicativo no celular. Pessoas normais, de boa intenção, usam eles para acompanhar a bagagem em viagens ou até para encontrar coisas que acabam perdendo dentro de casa, como o celular.

A influenciadora Carol Souza, que descobriu um AirTag escondido em presente de fã - Divulgação

O problema é que o seguidor que deu a pelúcia para Carol, com o rastreador escondido, pode ver em um mapa, no celular, a localização exata do ursinho. Ou seja, ele sabe exatamente o endereço da casa da influenciadora. E, se ela levar o ursinho com ela para uma viagem, por exemplo, ele poderá acompanhar seu deslocamento pelo aplicativo.

Mesmo que seja apenas por "curiosidade", isso é uma invasão de privacidade e um ato ilícito. Ninguém pode ser grampeado ou rastreado sem autorização explícita da lei, e isso só em casos muito específicos.

A maioria dos fãs e seguidores são pessoas que gostam de seus ídolos e, ao darem presentes, querem apenas expressar afeto, amizade, admiração e gratidão. O problema é que, entre os milhares de fãs bacanas, pode sempre haver alguém desequilibrado.

Foi o caso de John Lennon, que foi assassinado por um fã. Também teria sido um fã que matou o cineasta italiano Pier Paolo Pasolini. Embora esses casos não sejam tão frequentes, eles são reais e muito chocantes.

Muitos artistas com quem trabalhei têm como princípio nunca levar presentes suspeitos para casa. Outra regra que alguns famosos seguem é a de nunca comer nenhum tipo de alimento dado por anônimos, especialmente aqueles que são caseiros e feitos pelos próprios fãs, sem embalagens lacradas de marcas conhecidas. Quem acompanha as notícias diariamente certamente já leu sobre casos terríveis de pessoas que colocam veneno em doces, que são dados até mesmo para crianças e animais de estimação.

O que esse seguidor de Carol Souza fez, esse "stalking eletrônico", é muito perigoso e compromete a segurança da influenciadora. A matéria de Luísa Monte cita casos internacionais de outras pessoas (especialmente mulheres) que também foram rastreadas por AirTags sem que tivessem consciência do que estava acontecendo.

Não sei qual atitude a influenciadora tomou, mas seria o caso de fazer um boletim de ocorrência para que a polícia faça a averiguação e encontre o seguidor.

Desde que li sobre o caso, fiquei pensando: a gente se preocupa com o mal que pode ser causado pelos robôs e pela inteligência artificial, e esquece que o maior perigo ainda está nos humanos e sua loucura natural, aquela que transforma um seguidor em um perseguidor.

Cuidado. Sempre.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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