Aviso
Este conteúdo é para maiores de 18 anos. Se tem menos de 18 anos, é inapropriado para você. Clique aqui para continuar.

Rosana Hermann
Descrição de chapéu Todas

Sandy cresceu, falta o Brasil crescer também

Podemos brincar, especular e comentar sua vida amorosa, mas o melhor a fazer é torcer para que ela seja feliz

Mulher com microfone na mão
A cantora Sandy - Agnews
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Há exatamente 13 anos, a internet estava em chamas por causa de uma entrevista de Sandy para a revista Playboy. Ao responder uma pergunta sobre sexo anal, a cantora disse acreditar que havia prazer na prática.

Quem viveu a época de ouro do Twitter deve se lembrar da comoção que esse simples comentário causou na quinta série coletiva que frequentava a rede social em 2011. O choque foi tão grande que até hoje basta falar em Sandy para alguém publicar que "anal é coisa séria".

Embora tenha levado tudo na brincadeira àquela época, Sandy deixou claro que não fala sobre sua vida sexual, postura que mantém até os dias atuais.

Claro que temos que respeitar a intimidade da artista, mas acho que a reação popular também tem sua lógica. Sandy fez sucesso muito cedo, quando ainda era uma criança. Ou seja: o Brasil acompanhou sua carreira desde o tempo em que ela se negava a abrir a porta para a Mariquinha. Essa ideia de "ingenuidade" cristalizou-se na memória de toda uma geração, e Sandy ficou associada à ideia de delicadeza, pureza, coisas que não nos remetem à ideia de sexo e sedução.

E mais, Sandy se casou com Lucas Lima, da Família Lima, reforçando ainda mais esse conceito de "papai-mamãe". Por tudo isso, dá para entender o susto que o brasileiro leva toda vez que Sandy menciona masturbação, relação apimentada ou brinquedos sexuais.

Eis que, no ano passado, Sandy se separa de Lucas Lima, depois de 24 anos. O Brasil fica chocado. Como assim a vida de Sandy não é um conto de fadas? O casamento não era sagrado? Não tinha que ser para sempre? E agora o abalo sísmico traz também um tsunami: Sandy estaria namorando um gato bombado, um médico dublê de Cauã Reymond chamado Pedro Andrade. E, novamente, o Twitter quase veio abaixo.

Os fãs enlouqueceram e invadiram o perfil do rapaz. Lucas Pasin publica que Sandy usa um perfil fake para elogiar o rapaz. O Brasil, mais uma vez, cai de quatro. Sandy, a anjinha assexuada do imaginário coletivo, está se relacionando com um hétero top padrão.

Li comentários dos mais engraçados aos mais absurdos. Alguns acham que Sandy é muito frágil para se relacionar com um homem forte. Outros agem como se ela não tivesse direito a ter um caso com um bonitão. Felizmente, muitos torcem para que ela se divirta e seja feliz.

Claro que muitos comentários são em tom de brincadeira, mas é bom que a gente esclareça. Ela é uma mulher livre, de mais de 40 anos de idade, artista consagrada e dona de sua vida. E não deve satisfação para ninguém. Podemos brincar, especular, comentar, mas o melhor a fazer é torcer para que ela seja feliz, do jeito que escolher. Em outras palavras, Sandy cresceu. Está na hora de a gente crescer também.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

Final do conteúdo
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Ver todos os comentários Comentar esta reportagem