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Rosana Hermann
Descrição de chapéu Todas

Saia Justa com Eliana estreia misturando o Brasil com o Egito

Num Brasil polarizado, as opiniões na web se dividiram entre quem amou e quem odiou tudo

Mulher loira com roupa toda preta
Eliana na coletiva do novo Saia Justa, na Globo em São Paulo - Leo Franco 30.jul.2024/AgNews
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São Paulo

Nesta quarta-feira (7), foi ao ar a tão esperada estreia de Eliana no Saia Justa, ao lado das apresentadoras Rita Batista, Bela Gil e Tati Machado. Sem querer fazer piadoca com "Os Dedinhos" (mas já fazendo), o tema parece ter sido escolhido a dedo para ela: mudança.

A mudança de Eliana foi realmente imensa. Ao trocar a empresa dos Abravanel pelo grupo dos Marinho, ela mudou da emissora aberta mais popular do Brasil para a Vênus Platinada, comandando um programa no GNT, um canal por assinatura feito para mulheres de outro estrato social.

Eliana também transitou de um programa que comandava sozinha, feito para a família, com auditório, reportagens em externa e quadros variados para um talk show feminino, intimista, sem plateia e coletivo.

E mais: ela não estreou num programa novo, criado para ela. Ao contrário, o Saia Justa é um programa de 22 anos, pelo qual já passaram 30 mulheres (sem contar os homens que apresentaram como convidados). A edição de ontem foi o primeiro episódio da 23ª temporada do programa. Saia Justa já tem mais temporadas do que a série "Grey's Anatomy".

E como o mundo polarizado da internet reagiu a essas mudanças? De forma coerente. As opiniões se dividiram entre quem amou e quem odiou tudo, seguindo bem a linha que Eliana definiu ao dizer que podemos mudar por amor ou pela dor.

Eis alguns comentários pelo lado do amor:

"Está gostoso, mas podia ter mais tempero".
"É bom porque é leve, ninguém quer desgraça na quarta à noite".
"As saias agora são rodadas, não são mais justas".
"Eliana está descontraída, adoro a risada dela".
"Elas têm boa química juntas e ainda vão melhorar muito".

Pelo lado da dor, as críticas seguiram essa linha:

"Prefiro ouvir minhas amigas ou gente falando no ônibus".
"Chato, engessado, sem polêmicas".
"Feminismo liberal sem luta de classes".
"Tribunal das pequeníssimas causas".
"Chapa branca e insosso".

Também listei minhas percepções:

A vinheta temática com Rita Lee cantando "Um belo dia resolvi mudar e fazer tudo o que eu queria fazer" segue com "Me libertei daquela vida vulgar". Vulgar vem do latim "vulgaris", que significa "pertencente ao povo", "gente comum". Não achei que foi uma ofensa ao mundo popular do SBT, mas pode ter sido uma indireta involuntária de uma mudança radical.

Eliana foi muito cortês e gentil com as novas colegas, mas habilidosa o suficiente para afirmar sua postura. Logo no começo, quando ela fala do quanto seus problemas a fortaleceram, ela diz que se sente "segura nesse papel de âncora do Saia". Ou seja, foi um "helloooo! estou com vocês, mas meu papel aqui é de âncora, tá?" E como âncora, ela é ótima. Sabe o jeito certo de chamar o VT (material a ser exibido), de ler o texto no TP (tele prompter). Em dado momento, Eliana reclamou de ser percebida como muito certinha. Se isso a incomoda, o Saia Justa é a oportunidade para que Eliana faça mais essa... mudança.

Tati elogiou Eliana por ser muito observadora e falou que elas já tinham comentado isso entre si. Ou seja, Tati, Bela e Rita devem ter batido altos papos sobre a nova âncora.

Bela Gil parecia um pouco menos à vontade. Não sei se foi impressão minha, mas a chef estava sentada mais perto de Rita do que de Eliana. Pode ter sido coisa da direção, não sei. Mas senti uma leve tensão.

Rita Batista é realmente maravilhosa e poderia ser âncora a qualquer momento. Mas parece estar feliz com seu papel, até porque ela apresenta outro programa também.

No geral, achei que o programa começou bem pianinho, talvez um tom abaixo do que poderia. Mas entendo, é a mistura do Brasil com o Egito.

A coisa brasileira vem da nossa graça, como no momento "como era grande a minha piroga", antigo quadro de humor de Paulo Silvino no programa Viva o Gordo de Jô Soares (1938-2022). Foi na hora que mostraram o atleta francês do salto com vara que, por assim dizer, foi traído pelas dimensões de sua "piroga", que enganchou no sarrafo.

Bela Gil se acabou de rir porque não tinha visto a cena. Tati e Rita dominaram o papo com observações hilárias. E teve o agradecimento de Eliana pelas flores enviadas por Astrid Fontenelle, que ocupava seu posto até então. Achei bem Brasil. Humor e simpatia.

A coisa do Egito aparece na hora de "fazer a egípcia", quando a gente finge que não sabe, não vê, para evitar desagradar. Eliana tem esse dom de fazer a egípcia diante de qualquer situação. Acho que foi uma opção dela não estrear com polêmica. Polêmica é bom para quem quer subir rápido na carreira chamando atenção. Eliana já tem toda a atenção, carreira sólida, não precisa dessa estratégia.

Não vou dizer que o programa foi maravilhoso, nem ótimo. Foi OK. E acertou no tema mudança, porque ele ainda pode mudar bastante. As saias não são mais justas, são rodadas. Não são mais curtas, são longas. Mas nada impede que, ao longo do tempo, alguém adicione umas belas fendas nessas saias, que libertem as pernas e mentes de toda as vidas vulgares que sempre levamos junto à TV.

Boa sorte a todas.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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