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Rosana Hermann
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Madonna, Yasmin e uma chata qualquer

Temos que impedir que qualquer conceito de etarismo se prolifere, porque vamos todos envelhecer

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A modelo Yasmin Brunet - João Cotta - 13.mar.2024/Globo
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São Paulo

Confesso que já nem lembro mais em que vaso Yasmin Brunet estava plantada no BBB 24. Cada vez que alguém sai dessa casa, meu cérebro destrói o arquivo da pessoa.

Só sei que, independentemente do desempenho, das falas, da postura da moça no reality e de seus privilégios como mulher branca e rica, Yasmim, como qualquer cidadã, tem seus direitos fundamentais garantidos. Isso inclui o direito de fazer o que quiser com seu corpo, de se vestir como bem entender e de rebolar tudo o que tiver vontade até a idade que quiser.

Sim, caro leitor, cara leitora. Os chatos etaristas, que acham que não pode usar bermuda depois dos 50 nem boné após os 45, que não se pode sequer usar mochila com mais de 40 anos, agora decretam que há limite de idade também para requebrar os quadris, como se o movimento dos glúteos tivesse prazo de validade.

Uma chata representante dessa polícia de costumes não apenas acha isso como se manifestou publicamente sobre o tema. Yasmin postou um vídeo, em seu próprio Instagram, em que mostrava seu look e seu rebolado. Essa pessoa comentou que, aos 35, ela já havia "passado da fase de rebolar". Yasmin respondeu com tranquilidade dizendo que não existe fase para ser feliz e que ela paga suas contas e é uma mulher livre. Touché!

Mais do que preconceito, o que essa pessoa demonstrou foi profunda ignorância da realidade. De acordo com dados pré-pandemia do IBGE, a expectativa de vida para mulheres brasileiras é de 79 anos. Isso em média. Se você considerar que Yasmin está no topo da pirâmide social e tem acesso à boa alimentação, exercícios físicos e saúde privada, esse número deve passar fácil dos 80. Em outras palavras, uma mulher saudável de 35 ainda não chegou nem à primeira metade de sua vida! E a seguidora acha que essa mulher tem que passar os outros 45 anos sem dar uma rebolada?

Por mais que o tema pareça tolo e irrelevante, diante de tantos outros preconceitos e discriminações horrorosos que infelizmente existem no Brasil e no mundo, como racismo, homofobia, transfobia, xenofobia, capacitismo, temos que impedir que qualquer conceito de etarismo se prolifere, porque vamos todos envelhecer. Todos nós.

O momento parece muito adequado para se falar de idade, já que em maio, Madonna, aos 65 anos, vai fazer um mega show em Copacabana, para quebrar todos os recordes de público de sua carreira e unir fãs de várias gerações. Sem contar que a turnê de Caetano Veloso e Maria Bethânia também vai ser um super evento.

E aí eu pergunto: e quem vai impedir Madonna de dançar aos 65 ou Caetano de rebolar aos 81? Uma comentarista do Instagram? Um hater no Twitter? Claro que não. Vamos todos cantar os hits da nossa vida, pular, dançar, rebolar e celebrar a vida. Porque a vida é para experimentar. E nosso corpo é nossa nave de sentir e se expressar. E não vai ser uma chata qualquer que vai atrapalhar nossa alegria coletiva.

Sai, chata anônima. Porque nem seu nome vamos divulgar. Se você quiser ser realmente alguém na vida, filha, você vai ter que rebolar.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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