Xuxa faz 60 anos e todo mundo vai chorar
Sua vida está entrelaçada aos milhões de vidas dos brasileiros que a acompanham
No próximo dia 27 de março, Xuxa completa 60 anos. É difícil imaginar que tanto tempo tenha passado desde que a jovem modelo se transformou na maior apresentadora de programas infantis de todos os tempos, um fenômeno como artista que lotava estádios com seus shows por todo o Brasil, uma blockbuster em venda de discos que explodia o mercado fonográfico, um dos maiores nomes do entretenimento da América Latina.
Eu vi tudo acontecer, desde o começo, há 40 anos. Foi no início dos anos 80, quando eu trabalhava na Band como roteirista de dois programas ao vivo, ambos apresentados por J. Silvestre. Xuxa havia sido convidada porque seu nome estava em todas as revistas, como a namorada de Pelé. Era a sensação do momento. Imagine, uma jovem belíssima, namorando o Rei do Futebol. Um prato cheio para a mídia.
Assim que Xuxa chegou ao programa, uma onda de carisma abalou a emissora. A produção ficou boquiaberta. Os convidados ficaram chocados. O diretor do programa, Mauricio Sherman, se encantou. Ele logo notou que havia ali um potencial. Xuxa fez sua participação, foi muito simpática com seu "jeitinho" de quem não tinha nem 20 anos. Ao final do programa, Mauricio Sherman começou uma negociação para contratar Xuxa e transformá-la em estrela de televisão. Quem cuidava desse projeto ao lado de Sherman, era a secretária da produção. Seu nome, Marlene Mattos.
Logo depois dessas tratativas, porém, Mauricio Sherman resolveu sair da Band e ir para a nova emissora que surgia, a TV Manchete. O ano era 1983. A TV foi ao ar em junho; Sherman criou o Clube da Criança para Xuxa, Marlene Mattos foi junto e a história começou. Ainda é possível ver alguns vídeos em roxo e verde no YouTube, mostrando a energia caótica e hipnotizante do programa.
Três anos depois de estrear na Manchete, Xuxa foi para a Globo. E o resto você já sabe. Xuxa virou uma potência, uma estrela, uma rainha. Conquistou baixinhos e altinhos, vendeu milhões e milhões de produtos. Xuxa era uma indústria gigantesca. Todos sabemos, porque a vida de Xuxa foi acompanhada durante décadas por toda a mídia.
Em 1995, Marlene me contratou para ser redatora da Xuxa. Foi difícil. A relação entre elas não estava muito boa, elas discutiam muito, Marlene me botava no meio das discussões. Fiquei anos sem falar com a Xuxa. Até que ela foi no Porta Afora, programa de viagens do Fabio Porchat que eu apresentava com ele e ficou tudo bem. Fizemos as pazes. Não dá pra ficar "de mal" de uma rainha.
Rainha é o termo correto, porque só alguém da realeza receberia uma deferência como essa: o nascimento de filha de Xuxa, Sasha, em 1998, rendeu uma reportagem de dez minutos no Jornal Nacional, algo raro na Rede Globo.
O tempo passou, Sasha virou uma mulher, Xuxa casou com Junno, virou uma pessoa muito mais cônscia, uma mulher madura e bacana. E agora chega a esse lindo marco de seis décadas de vida, recebendo homenagens em vários programas do Grupo Globo, entre eles o Altas Horas, que será exibido no dia 11 de março.
Um amigo, o @dudu, foi na gravação. E me contou que foi uma choradeira só. A própria Sasha, num vídeo, chorou e falou que estava abalada com o que aconteceu ali, de tão intenso. Porque todas as pessoas que estavam ali, convidados, famosos, tinham uma história para contar sobre a importância, o impacto que Xuxa exerceu em suas vidas. E Xuxa entendeu que toda a sua carreira, toda a sua vida, está entrelaçada aos milhões e milhões de vidas dos brasileiros que a acompanharam, que sonharam pela tela da TV, que embarcaram na nave com a Xuxa e seu mundo.
Tenho certeza de que, vendo a homenagem do Altas Horas para Xuxa, todos vão se emocionar. O Brasil, que cantou tantas vezes "Todo mundo tá feliz", vai descobrir que crescemos, amadurecemos e, agora, juntos, todo mundo vai chorar.
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