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Rosana Hermann

Como vamos viver sem 'Pantanal'?

Remake do sucesso de 1990 chega ao fim nesta sexta e deixará saudades

Jove (Jesuíta Barbosa) e Juma (Alanis Guinllen) - Globo/João Miguel Júnior
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A gente sabe que novela acaba. Que muitas terminam em cenas de casamento. Que alguém sempre morre, alguém se dá bem, alguém paga por seus crimes. Sabemos de tudo isso. Mas quando chega o fim, o sentimento é o mesmo, seja um livro, uma série, uma novela: vazio!

A gente se envolve, se emociona, torce, fica com raiva, chora, como se fosse uma montanha russa de sentimentos. Quando a história termina dá aquela sensação de perda, como quando a gente se forma na escola, ou muda de cidade e deixa tudo para trás.

"Pantanal" vai deixar saudade, mas temos muito a aplaudir, agradecer e até reclamar, afinal, as queixas alimentam nossas interações nas redes sociais tanto quanto os elogios.

Como não elogiar Isabel Teixeira, a Maria Bruaca, que nos arrebatou com sua atuação magistral? Como não se encantar com Dira Paes, que a gente mal consegue lembrar que não é a Filó na vida real? Como, me diga, como não ficar encantada com a Juma Marruá de Alanis Guillen? Ela é tão maravilhosa que dá até "reiva"!

Claro, não dá para falar de todas as atrizes da 1ª e da 2º fases, mas vamos sentir falta das fofocas de Zefa, das camisetinhas de Guta, das infinitas mesas postas de Zuleica, do jeito selvagem da Muda, da chata da Mariana que fala em francês corretíssimo o nome de "Zaquieu" fazendo bico.

E o que dizer de….afff… Gabriel Sater como Trindade? O Brasil se apaixonou até pelo cramulhão por causa dele, diacho! Como aconteceu? Eu sei lá! Todos muito bem na novela, José Leôncio, Tadeu, Alcides, Tenório, Tibério, Zaquieu, Jove. Mas a entidade mais incrível mesmo foi o Véio do Rio. Que trabalho do Osmar Prado, que coisa mais linda.

Sim, teve umas coisas "nada a ver", como o súbito interesse político de Zé Lucas, o avião que não chega e aí chega, sem nenhuma função dramática, muita repetição de assunto, diálogo, o que é normal em uma novela de 167 capítulos. Teve merchandising de marcas e também de ideias, o chamado "merchandising social". Alguns, um pouco didáticos demais, porém importantes, sobre feminismo, meio ambiente, direitos trabalhistas.

Mas temos que dar parabéns ao autor Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa, o autor original de "Pantanal" de 1990. Teve também muitos encontros de gerações, como Almir e Gabriel Sater, atores da primeira e da segunda versões. E teve… o Pantanal. Que imagens lindas, que trabalho absurdo de produção, direção, figurino, tudo. Todas as cores orgânicas, todos os tons de terra, de verde, de azul, de natureza.

Com Pantanal, nos voltamos para uma vida menos urbana, menos digital, fora das redes. Todas as noites, nos reencontramos com gente vivendo sem a cara nos celulares e perto de todos os elementos água, fogo, terra, ar. De segunda a sábado, com aquela abertura belíssima e a voz de Maria Bethânia, ouvimos uma canção que nos conduziu para uma viagem para o coração do Brasil.

Foi lindo ver "Pantanal". Foi essencial mostrar a importância de se preservar esse bioma rico, abençoado, esse tesouro natural. Um tesouro que precisa de nós, aqui na realidade, precisa da democracia, precisa de nossa consciência. Se conseguirmos preservar o Pantanal, não apenas nós veremos, mas "os filhos dos filhos dos filhos dos nossos filhos verão".

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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