Vitão, Sasha, Mion: Chega de polícia de look alheio!
A ideia é que cada um viva e experimente o que quiser, até achar a felicidade
Sábado passado, 17 de setembro, Vitão postou um vídeo em sua conta no TikTok cantando o remix de "S de Saudade", seu novo trabalho com Pabllo Vittar. Na legenda o verso "gosto dessa liberdade". Em dois dias, o vídeo já tinha quase três milhões e meio de views. E muitos, muitos ataques maldosos. O motivo? Vitão aparece com um top transparente de um ombro só, olhos maquiados e, na boca, batom rosa bem intenso.
A maioria dos comentários ofensivos envolve sua sexualidade. Tem os que alfinetam com insinuações como "sempre soube…", os que tentam ser engraçados perguntando "quem é essa?" e, os mais desagradáveis, que fazem referências a Luiza Sonza —ex-namorada do músico. E tem hater tão besta que consegue misturar homofobia com religião só para botar Whindersson Nunes (ex-marido de Sonza) no meio.
A reação foi tão intensa que Vitão postou um tuíte na madrugada do dia 18 dizendo afirmando que, como criador, gosta de brincar com suas roupas e seu cabelo, assim como gosta de brincar com sua música. E terminou desejando que os conservadores melhorem. E teve hate nas respostas desse tuíte também? Exato, teve.
Vitão tem 23 anos, é gato, é um sucesso, faz parcerias e, sobretudo, é livre. Recentemente, ele deu uma entrevista para a revista GQ e disse que está em um momento de autoconhecimento, "namorando consigo mesmo" e tem sido libertador questionar sua heterossexualidade. E mesmo que tivesse 93 anos, fosse um ogro e fracassado, qual o problema de ele se maquiar e vestir o que bem entender?
Quem também tem feito isso é o casal Sasha Meneghel e João Figueiredo. Os dois dividem suas roupas sem nenhum problema. João diz que muitas vezes, quando ele vai comprar uma peça mais cara, ele já pensa se ela também poderá usá-la. Eles definem o estilo como "agênero e confortável".
O conceito de roupas agênero, assim como a sexualidade mais fluída, fazem parte da contemporaneidade. Mas não é de hoje que artistas transgridem as convenções conservadoras da sociedade. Marcos Mion é um exemplo disso. Nos anos 2000, quando era apresentador da MTV, ele costumava pintar as unhas antes de entrar no ar. E, como disse numa entrevista, era algo ousado para a época. Hoje, uma geração inteira depois, Marcos continua livre e, quando tem vontade, apresenta o Caldeirão usando chinelos, algo impensável para muitos apresentadores da Rede Globo.
No caso de Mion, o alvo das exigências tem sido outro: os cabelos grisalhos. Muita gente acha que ele, que já está grisalho aos 43 anos, deveria pintar o cabelo. Mion pede nas redes, em tom de brincadeira, que o deixem envelhecer em paz.
Deixar as pessoas em paz. Esse é o desafio. Todos deveriam deixar Vitão em paz. Em paz com seu momento, em paz com seus desejos, em paz com sua maquiagem e sexualidade. Todos deveriam deixar Sasha e João em paz. Deveriam deixar Mion, Whindersson Nunes e Luisa Sonza em paz. E a Gretchen, a Jojo Toddynho e todo mundo.
Somos livres. E a ideia é que cada um viva como quiser, cuide do seu bem-estar e experimente o que quiser, até encontrar sua felicidade. Porque não tem nada mais triste que, com tantas possibilidades que a vida oferece, a pessoa escolher ser "polícia de look alheio".
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