Foi pedido às peoas que formassem um 'peão ideal', juntando características físicas e psicológicas dos ex-participantes masculinos de "A Fazenda 4".

Joana Machado coordenou a brincadeira. "Vamos começar pelo (modelo) François", avisou a personal trainer. "Vamos combinar que ele era o mais bonito", comentou ela. "Ele tinha o pé grande", comentou inadvertidamente a apresentadora Monique Evans. Nem todas ligaram o nome à pessoa.

"Agora eu vou pular da água pro vinho", decretou Joana. "Compadre Washington", falou pausadamente, colocando o músico baiano na baila. "Como homem, não faz meu estilo", foi logo acrescentando. As outras três titubeavam para externar as suas opiniões. Joana incitou: "E a roupa dele?", perguntou. "Cafonérrimo!", respondeu Valesca Popozuda, e todas riram muito.

De repente, as peoas pareciam meninas de um colégio de freiras na hora do recreio, comentando coisas proibidas. Falavam ao mesmo tempo, sugerindo as características do tal 'peão ideal': tem que ter a 'bunda' do (ex-jogador) Dinei, o humor do Thiago (Gagliasso), a inteligência do (apresentador) João Kleber e a covinha do Marlon! "O Marlon? Um príncipe!", afirmou Joana Machado com a anuência de todas. E do Gui (Pádua)? "Do Gui? Nada! É pra ser ideal, não?!" - declarou Titia categórica.

A fazenda estava em perfeita harmonia. Até o 'mulheres unidas jamais serão vencidas foi bradado em coro pelas quatro, que se abraçavam ao mesmo tempo. Até que Joana Machado resolveu 'soltar os cachorros'.

Tem coisas que fazem parte da criatura. Ela mesma confessou para Valesca quando ficaram a sós no quarto: "eu às vezes queria ficar quieta, mas eu não consigo". Nem haveria muita necessidade de motivo para tal, mas no caso foi uma eventual troca das tarefas da fazenda. Ela queria deixar um pouco o trato das plantas para cuidar dos animais. Monique, que cuida dos cavalos e Raquel, das cabras, ficaram bem quietas. Nenhuma se manifestou, nem contra, nem a favor.

Na fazenda inteira ecoava apenas a voz de Joana Machado, enérgica e 'chamando pra briga'. Ninguém veio. Ninguém respondeu. "Dar uma de louca aqui dentro é fácil. Dar uma de desentendida", continuava ela. Mesmo assim, ninguém aceitou a provocação. Então, num misto de frustração com a raiva de não ser levada em consideração, pegou um livro e deitou-se. Tentou por alguns segundos. Largou o livro, queixando-se: "não consigo nem ler".

No dia seguinte, procurou explicar para Valesca Popozuda a causa do seu descontrole. Saudades dos seus familiares, muito tempo de confinamento - enfim, o estresse natural de um jogo como esse. Mas hoje à noite o jogo acaba. Para ela ou para Monique, ou ainda para Valesca.

"Acho que ontem a Joana pegou muito pesado", comentou Raquel Pacheco com a cantora funk. "O restinho de paciência que eu tinha com ela acabou", concluiu a Bruna Surfistinha. Já Valesca anunciou uma eminente aposentadoria do seu famoso "rebolado". "Eu tenho um sonho... eu quero ter um negócio meu. Eu não me vejo daqui uns cinco anos ainda rebolando em cima de um palco!", confessou surpreendentemente a cantora para a colega Raquel.

"Mamãe, mamãe não chore - a vida é assim mesmo, eu fui embora. Mamãe, mamãe não chore - eu nunca mais vou voltar por aí" (Mamãe, Coragem - Caetano Veloso e Torquato Neto). Era a sempre bela voz de Gal Costa cantando para Monique Evans se despedir do peru. Aos prantos, Titia declarou para a ave que a olhava com o ar de quem se esforçava por entender a cena: "eu juro que nunca mais vou comer peru! E vou levar uma mensagem daqui: mãe é aquela que cria (porque a ave teria assumido dois patinhos como filhos).

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"