Renato Kramer

Em noite de gala, 'Altas Horas' homenageia Caetano e Gil

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O programa "Altas Horas" (Globo) deste sábado de aleluia (26) teve entre seus convidados quatro figuras de grande importância para o universo artístico brasileiro: os atores Tony Ramos e Rodrigo Santoro e os cantores e compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Santoro confidenciou que ouviu muito as canções dos compositores baianos na preparação para a novela "Velho Chico" (Globo), na qual vive o jovem Cel. Afrânio. "Foi uma grande inspiração para o nosso trabalho", afirmou o ator.

E contou que o estilo da cabeleira que usa no personagem foi baseado no cabelo que Caetano usava no auge da "Tropicália", no final dos anos 60. "O nosso diretor, Luiz Fernando Carvalho, trouxe até uma fotografia do Caetano da época como referência. Eu acho esse visual sensacional, eu fiquei muito inspirado", confessou Rodrigo.

 

Tony Ramos se declarou feliz de estar no programa numa noite tão especial, com a presença de convidados tão ilustres. E também fez uma confissão: antes de entrar em qualquer lugar onde tenha que se apresentar fica com a boca seca.

"Acho que todo o artista de uma certa maneira fica nervoso. Não é apreensivo com medo, não é essa a palavra. É a responsabilidade de estar no palco, a preocupação com a receptividade que você vai ter. Eu acho que isso se chama profissionalismo e respeito ao público", conclui Tony.

Caetano relembrou quando conheceu Gil em Salvador (BA). "Eu via Gil na televisão, em programas locais à tarde. E eu adorava, ele tocava bossa nova, harmonia, tocava bem pra caramba, eu ficava maravilhado, ainda estava tentando tocar, arranhando o violão, tentando aprender", conta.

E fala do encontro: "Eu tinha um amigo chamado Roberto Santana que me disse que conhecia o Gil pessoalmente. Eu disse pra ele que tinha muita vontade de conhecê-lo. Um dia eu estava andando na Rua Chile e vinha Gil e Roberto Santana, e ele me apresentou Gil. A gente começou a conversar e ficamos amigos imediatamente", diz Veloso. "Até hoje!", confirmou Gil. E ambos tocam "Tropicália", de Caetano, atualmente na trilha de "Velho Chico".

 

Outros cantores vieram reverenciar a obra dos célebres baianos: Alexandre Pires com a suingada "Vamos Fugir" (Gilberto Gil/ Liminha), Pedro Baby e a mãe Baby do Brasil com a deliciosa "Menino do Rio" (Caetano Veloso), Emicida e DJ Nyack com o rap "Haiti" (Caetano/ Gil), e Emanuelle Araújo com a clássica "Sítio do Pica-Pau-Amarelo" (Gilberto Gil).

Caetano ainda confidenciou por sua vez que pensou em desistir da carreira por duas vezes, Gil foi quem não deixou: "Se você parar eu paro também!", ameaçou o colega. Caetano achou um despropósito um músico da qualidade de Gilberto Gil parar e resolveu por sua vez não parar. "Na verdade eu queria fazer filmes, mas não deu!", revelou Caetano Veloso.

Uma aluna da plateia quis saber em que Gil se inspira para fazer suas canções: "Em muita coisa. Nas alucinações também! A gente é um poço de mistério. Caetano diz que eu sou misterioso, e eu sou mesmo, mas todo o mundo é, né?", diz Gil em sua calmaria. "Todo o mundo é, mas você é especialista!", retruca Caetano.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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