Renato Kramer

'A gente tem que assumir uma postura de cidadão que quer um mundo melhor', declara Dira Paes

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A atriz Dira Paes foi ao "Como Será?" (Globo) deste sábado (21) para falar do Movimento Humanos Direitos, do qual faz parte e é grande incentivadora.

O projeto Humanos Direitos existe há mais de uma década e reúne vários artistas, intelectuais e profissionais liberais em geral que se envolvem com reivindicações sociais na defesa dos direitos humanos. Entre as suas ações prioritárias estão as questões ambientais, os problemas indígenas, o combate ao trabalho escravo e os direitos das crianças e dos adolescentes.

"Você como atriz escolhe personagens que você ache que podem ajudar numa causa?", quis saber a apresentadora Sandra Annenberg. "Eu acho que nem precisa escolher, porque todo o personagem tem um viés de identificação com o público", afirmou Dira.

E relembrou um dos seus grandes sucessos na telinha: "Até mesmo a Norminha ("Caminho das Índias" - 2009) que era um deboche, uma galhofa, uma coisa politicamente incorreta —ela tinha ali um lugar de reflexão. Então eu sempre procuro trazer esse viés. Mesmo quando você está fazendo uma comédia, você tem oportunidade de dar um toque reflexivo em relação aos personagens", declarou Dira.

Então lembrou outro marcante trabalho seu: "Lógico que tem uns, como no caso da Celeste em 'Fina Estampa' (2011) que era o grande mote do personagem —a questão da mulher que sofre violência doméstica e é passiva a isso durante muitos anos. Durante a novela eu recebia na rua muitos depoimentos de pessoas que se libertaram depois de 13, 20 anos", conta Paes.


"Você acha que a sua personagem ajudou essas mulheres a denunciar, a brigar por elas mesmas?", perguntou Annenberg. "É uma grande dificuldade, principalmente quando você tem filhos envolvidos, a questão de denunciar o pai do seu filho, essa era a grande questão", observa a atriz. "Mas eu acho que foi lançado na época um telefone que era para você ter um bate-papo e entender a sua situação. E a partir dali você refletir sobre qual caminho deveria tomar. Nisso o personagem ajudou muito", garante Dira.

E a atriz tira outro personagem importante da manga: "A Lucimar de 'Salve Jorge' (2012) que ia em busca da filha, ali também foi um momento muito especial da minha carreira porque teve situações muito análogas à que eu estava interpretando e que eu vi de perto, como a das mulheres e adolescentes de Paramaribo (Suriname). A novela nesse momento tem um papel fundamental nessas questões sociais que é de levantar o tema para debate. Tudo precisa ser debatido para ser compreendido", esclarece a talentosa atriz.

"Como outros artistas podem se envolver no movimento?", indagou Sandra. "Não são só artistas, a gente tem uma gama de profissionais envolvidos: professores, advogados, juízes, médicos, músicos...as pessoas podem procurar o nosso siteHumanosDireitos.org, mandar um e-mail e a gente tenta agrupar as pessoas em reuniões com palestras para que a pessoa possa entender um pouco mais do assunto", explica Dira.

E encerra como que numa espécie de amistoso convite: "Nossos amigos são agregados de uma maneira espontânea, mas às vezes com uma convocação mesmo. A gente tenta manifestar essa vontade de que outras pessoas venham, mas essa vinda para o movimento tem que ser muito espontânea. Porque é você lidar com coisas que não são tão felizes mas que você pode fazer pessoas muito felizes!", afirma Dira Paes, para logo em seguida se emocionar muito com o depoimento da sindicalista Joelma, jurada de morte em Rio Maria (PA) que fora auxiliada pelo Movimento Humanos Direitos.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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