Renato Kramer

"O Tempo e o Vento" recria universo de Veríssimo com personalidade própria

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Baseado na clássica obra do grande escritor gaúcho Érico Veríssimo, a minissérie "O Tempo e o Vento" estreou como um oásis na programação da Rede Globo na noite de quarta-feira (1º).

Já de início, um show de imagens para a abertura, explorando paisagens cinematográficas dos pampas gaúchos. Elegante e garboso, chega o capitão Rodrigo (Thiago Lacerda) ao sobrado dos Terra Cambará –no devaneio da velha senhora Bibiana (Fernanda Montenegro).

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"Tava me esperando, minha prenda?", pergunta-lhe o guapo capitão. "Faz tantos anos... pensei que vosmecê não vinha mais!", responde-lhe Bibiana como se voltasse a ser a mocinha por quem Rodrigo se apaixonara perdidamente. "Tudo tem a sua hora", retruca Rodrigo pegando-a no colo com suavidade. Linda cena. Fernanda magnífica. Thiago correspondeu à altura.

Remakes são sempre muito perigosos. Temos visto alguns de novelas que foram grandes sucessos que não se repetiram. Mas o primeiro capítulo de "O Tempo e o Vento", sob a direção de Jayme Monjardim, recriou o universo de Veríssimo com personalidade própria.

Na bela versão de 1985, dirigida por Paulo José, reprisada recentemente pelo canal pago Viva, Tarcísio Meira desenvolveu um dos seus melhores trabalhos de interpretação como o Capitão Rodrigo. E a saudosa e excelente atriz Lélia Abramo foi quem deu vida à enérgica Dona Bibiana.


Na atual minissérie –que constará de apenas três episódios–, a atriz Cleo Pires vive a bela e poderosa Ana Terra, avó de Bibiana, personagem vivida pela sua mãe Glória Pires em 1985. Independentemente de comparações desnecessárias, Cleo se saiu muito bem neste primeiro episódio, tanto nas cenas suaves quanto nas mais intensas.

Muita garra na atuação de Luiz Carlos Vasconcellos como Maneco Terra, o pai de Ana Terra, e a presença carismática e misteriosa de Martín Rodriguez, como Pedro Missioneiro –o índio mestiço por quem Ana se apaixona.

Da paixão de Ana e Pedro nasce o menino que receberá o nome do pai. Mas a família de Ana se sente traída com o romance escondido. "O velho Maneco Terra quis lavar a honra da família. E a honra só se lavava com sangue!", conta Bibiana.

Belas imagens, belas interpretações e, é claro, uma sempre excelente história para contar, fazem dessa nova roupagem de "O Tempo e o Vento", de Érico Veríssimo, uma opção de entretenimento da melhor qualidade. Tão raro hoje em dia na chamada TV aberta, diga-se de passagem. Bons ventos que sopram na programação do novo ano.

"Minha prenda, quando estou contigo parece que o tempo não passou", diz o sedutor Capitão Rodrigo. "Passou, Rodrigo... passou", responde-lhe Bibiana. "O vento andou por esses campos afora e levou consigo a minha juventude. Agora é preciso esperar", diz Bibiana com serenidade, "e esperar foi uma coisa que eu aprendi".

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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