Originalmente exibida em 2009, a série "A Lei e o Crime" (Record), de Marcílio Moraes, teve a sua reestreia nesta segunda-feira (30).

Como não tive a oportunidade de acompanhar a primeira exibição, e acostumado que estava em fazer plantão em frente à Record neste horário devido aos 99 dias de "Fazenda", me deparei com uma bela surpresa.

O tema, embora exaustivamente explorado em todas as artes cênicas possíveis: violência, tráfico, bandidagem, polícia, vingança e a eterna tentativa de dar um jeito em tudo isso --teve um trato muito apurado pelo autor e muito bem tratado na direção de Alexandre Avancini.

Diálogos fluentes, rápidos mas sem atropelamentos, cenas ágeis ou closes longos, sempre na dosagem certa, dão um frescor todo especial à série "A Lei e o Crime", embora estejamos falando de uma reprise.

É importante salientar o trabalho do protagonista. Ângelo Paes Leme carrega todo o primeiro episódio nas costas e dá conta do recado de forma brilhante. Contrariando o estereótipo do bandido "cara de mau", Leme assume o assustador "dono do morro" com seu rosto de traços principescos. O seu personagem "Nando" é um bandidaço, sem fazer uso de trejeitos característicos nem caras e bocas. Ao contrário: rico em nuances, com muita tranquilidade, o ator convence completamente tanto ao tomar atitudes barra pesada, por vezes até perversas, quanto ao demonstrar ternura junto a sua mulher e filha.

Ângelo é também o protagonista de "José do Egito", outra grande produção da teledramaturgia da Record. Com ele estão também nos dois trabalhos os atores Eduardo Lago e Caio Junqueira --que teve presença marcante neste primeiro episódio.

"A Lei e o Crime" teve originalmente 21 capítulos e deve ir ao ar sempre nas segundas-feiras, logo após a nova novela da emissora "Pecado Mortal". Para quem não teve a oportunidade de acompanhar na primeira exibição, como eu, está aí um trabalho a ser prestigiado.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"