Renato Kramer

Até a boa Janaína caiu no caldeirão da maldade em "Avenida Brasil"

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Jorginho (Cauã Reymond) foi correndo para a casa do pai (Tufão) contar tudo sobre a "vagabunda e bandida" que é Carminha (Adriana Esteves). Mas a supervilã não tinha apenas uma carta na manga. Tinha um coringa, na verdade. A culpa!

"Se você falar alguma coisa a meu respeito pra Tufão eu conto que você é namorado da Nina!". E isso foi só o começo. Ela desfilou um rosário de motivos pelos quais o jovem destruiria a vida do seu pai. Aliás, pai adotivo, pois pai mesmo é o traste do Max (Marcello Novaes). E essa era uma das tantas cartas que Carminha tinha na manga: contar para Tufão que Jorginho e Ágatha (Ana Karolina Lannes) são filhos do traste.

Crédito: Divulgação/Avenida Brasil/TV Globo Nina (Débora Falabella) e Janaína (Claudia Missura) na mansão do Divino, em "Avenida Brasil"
Nina (Débora Falabella) e Janaína (Claudia Missura) na mansão do Divino, em "Avenida Brasil"


"Conta tudo! Joga toda a merda no ventilador! Mas se prepara pra conviver com a culpa que você vai sentir quando teu pai morrer! Porque de uma certa forma ele vai morrer sim, ele vai se apagar - e a culpa vai ser toda sua!!!". Jorginho congela. Literalmente.

Assim a saga continua. E não tem fim. Por quê? Primeiramente porque a trama precisa obviamente ter uma duração razoável, senão não seria uma novela. Segundo porque todas as personagens têm 'culpa no cartório', para dizer de forma civilizada. Mais objetivamente: todos têm o rabo preso!

Sandra de Sá já cantou uma realidade similar na novela "Que Rei Sou Eu" (Rede Globo), que foi citada pela Suelen (Isis Valverde) no capítulo de ontem quando Cadinho (Alexandre Borges) quis 'fazer-lhe a corte'. "Ih, tio, beijo na mão? Tu tá vendo muito 'Que Rei Sou Eu'!", disse a 'periguetinha do Brasil'. A novela está sendo reprisada no Canal Viva.

Pois a cantora Sandra de Sá cantava naquela trilha sonora: "ninguém aqui é puro anjo ou demônio, nem sabe a receita de viver feliz" (Bye, Bye Tristeza). Apesar de que em 'Avenida Brasil' estão todos mais para demônio do que anjo, vamos combinar. Nunca vi gente pra gostar tanto de vingança e trairagem!

E como praticamente todos os envolvidos na trama já 'pisaram na bola' no passado, nenhum deles pode sair jogando muito aberto, porque o próprio telhado é de vidro. Praticamente de 'cristal', para ser mais exato.

Os que não 'pecaram' no passado estão 'pecando' na atualidade. É o caso de Leleco (Marcos Caruso), que perdeu a bela Tessália (Débora Nascimento) em recente traição com a sua ex Muricy (Eliane Giardini) - que por sua vez está pondo chifres no pobre Adauto (Juliano Cazarré), que também tem o seu segredinho inconfessável.

O próprio Tufão, aparentemente o mais 'legal' da turma, tem o atropelamento do pai de Rita nas costas. Mãe Lucinda esconde algo terrível. Sem falar nos reis da falta de escrúpulos, Carminha e Max. Aí então, entra-se num emaranhado de amoralidades. Falando em 'amoral', Cadinho e suas três esposas também não são exatamente um exemplo de conduta para ninguém.

Resumindo: é uma gentalha braba! Um é interesseiro ao extremo, o outro é frio e calculista, o outro é ruim por natureza e todos, por fim, são vingativos por excelência. Pura ficção ou um retrato um tanto rude do que estamos nos tornando? "Gentileza gera gentileza" prega uma máxima que tornou-se um conhecido post das redes sociais. "Gentalha gera gentalha", fazendo uma versão grotesca da mesma. No caso específico de 'Avenida Brasil', "vingança gera vingança".

Nem mesmo a boa e pacata Janaína (Claudia Missura) escapou ilesa da maldade geral. Ontem, numa excelente interpretação de 'mãe desesperada que faz tudo pela cria', ameaçou de morte o canalha do Max caso ele insista em tirar o seu filho Lúcio (Emiliano D'Avila) do caminho certo. "Eu te mato se você chegar perto do meu filho. Eu te mato!". Oi, oi, oi.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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