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Descrição de chapéu Folhajus Rio

Mulheres que moram no McDonald's do Leblon foram acusadas de fraudes para fugir de dívidas

Ministério Público arquivou ação porque elas não foram encontradas para receber intimações

Bruna e Susane Muratori, filha e mãe, passam os dias no McDonald's, no quarteirão mais nobre do Leblon, há 1 mês e meio - Ana Cora Lima - 6.mai.2024/Folhapress
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São Paulo e Aracaju

A mãe e a filha que passam seus dias no McDonald's do Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, não têm bom histórico nos setores imobiliário e hoteleiro da cidade. Bruna Muratori, 31, e Susane Muratori, 64, que dizem estar há um mês e meio procurando apartamento em bairros nobres da cidade, estão envolvidas em diversos processos judiciais.

Em entrevista recente ao F5, Bruna negou que tivesse sido ré em quatro ações de despejo no Rio de Janeiro. A informação havia sido divulgada em reportagem da rádio CBN, segundo a qual a jovem também teria sido despejada de um apartamento em Porto Alegre, sua cidade natal.

Porém, o F5 apurou que mãe e filha têm seus nomes citados em ações por desentendimentos com proprietários de imóveis, além de serem consideradas "personae non gratae" em pelo menos três hotéis da zona sul do Rio. Funcionários as acusam de se hospedarem em estabelecimentos já com a intenção de não pagar pelas diárias e, quando cobradas, elas denunciam os funcionários por difamação na intenção de fugir das dívidas.

CONFUSÕES EM HOTÉIS

Em novembro de 2018, Susane Muratori fez uma denúncia na delegacia de Ipanema contra a gerente de hotel no bairro de Copacabana, ambos bairros também da zona sul do Rio. Ela disse ter sido chamada de "estelionatária" e "vigarista" pela funcionária, que a chamou à recepção para averiguar uma possível dívida da hospedagem.

Em depoimento à Polícia Civil, a gerente financeira diz que, na ocasião, apenas chamou a hóspede para efetuar a cobrança das diárias que ainda não haviam sido pagas. Ela afirmou que Susana e Bruna pagavam as contas de modo "pingado" no início da hospedagem, mas, depois, os pagamentos pararam de chegar. No momento da cobrança, a dívida chegava a R$ 30 mil.

Já em janeiro de 2019, Bruna registrou que vinha sofrendo cobranças vexatórias dos funcionários de outro hotel em Copacabana. Ela disse que já havia pago um valor de R$ 16 mil em hospedagem e, mesmo assim, foi desrespeitada por um dos funcionários, que também a cobrou pelas diárias. Ela afirmou ainda que itens pessoais como notebook, iPad e mochilas haviam sido retirados do quarto, além do seu animal de estimação, e que havia contraído dengue no hotel, o que a impedira de sair.

A advogada do hotel disse à polícia que Susane e Bruna não haviam pago as diárias. O estabelecimento decidiu fazer um acordo para saldar as dívidas e não ter problemas maiores com elas, bem como não prejudicar sua imagem. Em depoimento, um funcionário diz que tentou entrar em contato com o ex-marido de Susana e pai de Bruna, residente no exterior, e que ele havia se comprometido a pagar pelas diárias, mas não cumpriu com o combinado e não quis mais se envolver.

Em julho de 2021, Bruna registrou mais uma ocorrência contra os funcionários de um terceiro hotel em Copacabana, assim como contra o policial civil chamado ao local. Em ação aberta pelo Ministério Público, ela afirmou que havia sido "humilhada, constrangida e exposta" pelo policial, que teria a agarrado e a algemado.

A partir de depoimento dos funcionários e do policial, o MP considerou que não houve emprego de violência ou desrespeito na abordagem. Os funcionários disseram que Bruna e sua mãe não pagaram as diárias e citaram o histórico calunioso de mãe e filha em outros hotéis.

Bruna acabou indiciada pelo MP por denunciação caluniosa. A jovem não chegou a receber as diversas intimações enviadas porque não foi encontrada pelos oficiais no endereço informado nem conseguiu ser contatada pelo telefone fornecido. Depois de mais de um ano, o processo foi arquivado.

DENÚNCIA A PROPRIETÁRIOS

Em outubro de 2019, Susane também denunciou à polícia por difamação um homem com quem discutiu no prédio onde morava, naquele momento, em Copacabana. Ela disse ter sido chamada de "vigarista e criminosa" e contou que o denunciado havia tirado indevidamente fotos suas e de sua filha. O homem em questão era o pai da proprietária do apartamento alugado por ela, com quem teria tido problemas desde julho daquele ano.

Já em dezembro de 2022 Susane se envolveu em confusão com a proprietária de outro imóvel que alugava. Na ocasião, foi a dona no apartamento a denunciou por difamação, por ter se referido ao local como "casa de prostituição". A gaúcha, por sua vez, acusou a carioca e uma amiga de agressão. Susana acabou desistindo do processo e as outras partes não comparecerem às audiências. O processo também foi arquivado.

RACISMO NO RIO GRANDE DO SUL

Bruna e Susana não contaram motivos pelos quais deixaram o Rio Grande do Sul nem quando se mudaram para o Rio de Janeiro. Porém, nesse estado, o F5 também teve acesso a um processo que denuncia mãe e filha por racismo.

Em 2017, Bruna e Susane foram denunciadas pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul por injúria usando argumentos raciais a uma auxiliar de serviços gerais do condomínio onde moravam. O processo diz que mãe e filha passaram a chamar a vítima de "empregadinha, inútil e negra suja" e exigiram que a síndica a retirasse do prédio.

O documento diz que as ofensas aconteceram porque a vítima teria recebido correspondências judiciais destinadas a elas, que haviam proibido que as tais cartas fossem recebidas. Em julho de 2018, o MP propôs a suspensão do processo desde que as duas não deixassem o território judicial em dois anos e doassem um valor para indenização. No ano seguinte, as duas já estavam morando no Rio de Janeiro.

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