Paredão do 'BBB 18' expõe equívocos e revela o primeiro grupo de articuladores
A formação do primeiro paredão do "BBB 18" expôs a frágil teia de relações que permeia os participantes. Quem é amigo de quem, e como se comportam eticamente a partir daí são questões que definem preferências e paixões do telespectador.
Embora alguns chamem os outros de amigos, a única relação de amizade aparentemente sincera que havia surgido na casa até agora fora entre Kaysar e Jorge Lima. Esse último, que ia bem nas enquetes para permanecer, não foi poupado pela audiência depois de pesar a mão moral contra a prima Ana Clara na primeira festa, e acabou eliminado. Nada é estático num "BBB" além da grama sintética no jardim.
Enquanto isso, a estratégia da direção em forçar os participantes a se comprometerem tem funcionado muito bem para que o público os conheça. Mas com receio das próprias angústias, a maioria tem abusado da racionalização, que na psicologia é um mecanismo de defesa no qual o sujeito camufla um sentimento e dá a ele um fundamento racional.
Assim, quando o participante se sente desconfortável perante a determinado concorrente e não encontra elementos lógicos que justifiquem isso perante o público, inconscientemente ele cria uma razão (que aos olhos do telespectador pode não fazer sentido) e ataca o adversário com estes argumentos pouco consistentes.
Ao camuflar o verdadeiro fundamento para se proteger psiquicamente e se sentir menos culpado, o participante se afasta do público que nem sempre compra sua lógica.
Na formação do paredão deste domingo (28), sete participantes entraram no confessionário para votar numa mesma pessoa. Ana Paula, Patrícia e Diego articularam um plano contra Jéssica e outros oportunistas se aproveitaram e vieram atrás.
No confessionário, eles informaram ser um “voto de estratégia”, porque não conseguem assumir frente ao público que não foram com a cara de Jéssica, já que esta não lhes fez mal algum até aqui. Quanto mais alguém brilha num reality show de eliminação, mais ódio inconsciente desperta nos rivais.
Insatisfeitos com seus argumentos após a formação do paredão, os articuladores justificaram à própria Jéssica que tinham conhecimento de que Paula lhe daria o veto, porém absolutamente nenhum deles informou isso enquanto votava nela dentro do confessionário. Jéssica pode ter acreditado, mas e o público?
Apesar de estranha, a racionalização mostra a capacidade emocional do sujeito saudável e maduro em se proteger de uma angústia. Com medo de se comprometer com o público no jogo, Kaysar votou em Viegas e não apenas foi incapaz de dizer as razões, como também não racionalizou. Isso mostra a falta de recursos psíquicos do garçom sírio, um ingrediente a mais de fragilidade para que o misto de Bambam e Cezar Lima caia na identificação popular.
Mara, a cientista política mineira que na primeira semana socializou com a família Lima e não deu muita atenção aos demais da casa, recebeu o segundo voto do líder e disputa com Ana Paula a rejeição popular.
Contra ela pesa o fato de historicamente o público votante do "BBB" eliminar o participante mais idoso. A favor está sua capacidade de bater Mahmoud de frente, já que ele se comprometeu além do que deveria no jogo e parece estar perdido na construção de um personagem supostamente malvado que ingenuamente acredita agradar.
Mara foi a primeira vítima da articulação de votos na casa, e também muito se racionalizou a respeito dela. Participantes passaram os dois últimos dias tentando desgastar sua imagem em argumentos que pudessem ser engolidos pelo público como justificativa de voto, mas Mahmoud espertamente se apropriou de todos eles para seu segundo voto, aproximando-se do desejo coletivo. Veremos até onde o sexólogo suporta o personagem de gravatinha borboleta e chapéu de lado que festeja pequenas maldades.
Ainda que perca muito com a saída de Ana Paula ou Mara, felizmente restarão ao "BBB 18" excelentes outras vítimas para o escrutínio popular, aguardando ingênuos e sorridentes sua vez na fila da decapitação moral em praça pública.
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