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De faixa a coroa

Miss brasileira pró-Trump diz que novas regras do Miss Universo são 'politicagem progressista'

Paranaense, Cristiane Mersch fala sobre sua trajetória nos EUA e diz por que acredita que concursos de beleza e eleições têm mais a ver do que a maioria das pessoas imagina

Cristiane Mersch
A brasileira Cristiane Mersch como miss (esq.) e no comício de Trump, nos EUA - Reprodução
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São Paulo

A brasileira Cristiane Mersch, 38, ficou surpresa ao ver seu nome invadir as redes sociais no Brasil após a repercussão de um discurso que ela fez durante um evento político pró-Trump em Las Vegas, nos EUA, onde mora há 10 anos. No último dia 9 de junho, ela subiu no palanque, defendeu pautas conservadoras e reclamou das políticas do atual presidente americano, Joe Biden.

Com legendas em português, o vídeo da ocasião viralizou não só em perfis de notícias, fofocas e curiosidades, mas também do mundo dos concursos de beleza. Afinal, Cristiane, que é natural de Foz do Iguaçu (PR), é miss desde criança e até hoje participa de competições do setor –o mais recente foi o Mrs. World 2023, um concurso específico para mulheres casadas, que conta com cerca de 80 candidatas.

Ao contrário da maioria das misses, que fogem do assunto quando o assunto é política, ela defende em conversa com a coluna por que os dois universos têm tudo a ver. "O grande trunfo de ser miss é ter uma plataforma e usar sua voz para fazer a diferença, é ter uma coroa e usar sua beleza em benefício do próximo", afirma. "É o que eu fiz toda vez que eu tive a oportunidade de ter uma coroa e representar uma comunidade."

"Sempre fui engajada com política, que pra mim é um caminho de esperança para melhorar a comunidade", diz a paranaense, que é casada há 11 anos com um americano e mãe de 3 filhas –uma de 20, uma de 9 e outra de 7 anos. "Conheci meu marido trabalhando em um evento do UFC, logo começamos a namorar e casamos", conta.

Sua proximidade com temas da administração pública, no entanto, vem de antes. "Quando eu morava no Brasil, já me envolvia com política, com o Partido Social Cristão da minha cidade. Eu era da ala jovem e fui para as ruas pedir o impeachment da Dilma", relembra Cristiane, que hoje trabalha na direção de uma clínica de gravidez "pró-vida" e se diz "educadora cristã".

Segundo a brasileira, ela passou a se envolver com o Partido Republicano americano pouco tempo depois de se mudar para Vegas, quando começou a confrontar as dificuldades de vida no Brasil e nos EUA. "Quando o governo controla todos os aspectos da sua vida, como acontece no Brasil, é difícil viver bem e fica fácil ter corrupção. Aqui nos EUA você vê os benefícios do capitalismo, pois tudo é iniciativa privada. Eu vim para cá em busca do sonho americano, de oportunidades e qualidade de vida", compara.

Cristiane explica que apoia Donald Trump, ex-presidente que é candidato a voltar à Casa Branca, por suas políticas econômicas, que, segundo ela, trouxeram muita prosperidade ao país. "[Trump] pensa em todos os americanos, nascidos aqui ou não, pois quando a economia não vai bem, afeta a todos. Afeta as comunidades minorias, os LGBTs, não existe cor... Quando você não pode pagar suas contas, não pode ir ao mercado e há pobreza, todos sofrem. A política dele é para ajudar a todos."

CARREIRA DE MISS INTERROMPIDA

Depois de se mudar para Vegas, Cristiane teve sua carreira de miss interrompida por um tempo, até que descobriu os concursos para mulheres casadas. "Aqui eles valorizam a beleza da mulher casada, então logo surgiram várias propostas para eu entrar em concursos", afirma.

"Como acredito muito que é possível usar sua voz de miss para fazer a diferença, acabei aceitando participar, pois vi que havia muito incentivo à filantropia na categoria para casadas. Participei dos eventos locais até chegar ao mundial Mrs. World, o qual participei em 2020 e 2023", continua.

Veterana nessas competições, Cristiane começou cedo. "Minha mãe tinha um sonho de que eu fosse Miss Brasil, então comecei a participar de concursos aos 7 anos", lembra. "Todo ano eu estava concorrendo em algum tipo de concurso na categoria infantil, depois juvenil. Cheguei a ganhar o Miss Brasil Petite, que é uma categoria para jovens de 15 anos. Aos 17, tive uma gravidez não planejada e, como era algo que ia contra as regras dos concursos na época, tive que congelar esse sonho."

Apesar disso, Cristiane não concorda com todas as recentes mudanças de regras nos concursos mundiais, como o Miss Universo, que agora aceita mulheres transgêneros, casadas, separadas, mães e de qualquer idade. Vale lembrar: as mudanças de regulamento começaram alguns anos depois que Donald Trump, que foi dono do concurso por 20 anos, vender o concurso em 2015.

"Acho que está tendo muita politicagem progressista dentro dos concursos, principalmente do Miss Universo", avalia a brasileira. "Já tem muita gente saindo, perderam muita patente, muitos empresários. Não concordo em colocar transgêneros para competir com mulheres, e isso não significa que eu sou transfóbica, tenha ódio ou que seja contra a comunidade transgênero", diz.

"Eu só apoio que os concursos sejam separados, que tenha um na categoria deles (sic)", explica. "Acho que nós estamos lá para representar a mulher, a beleza da mulher e a feminilidade. E uma mulher que transitou, que mudou de sexo, não é a mesma coisa. Por mais que ela queira ser, que tenha se arrumado como uma mulher, infelizmente não é. Misturar transgênero com mulher é injusto, pois nós somos diferentes. O biológico do homem é mais forte que o da mulher", afirma.

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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