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De faixa a coroa

Mundo, Universo, Terra, Grand... É possível ter mais de uma Miss Brasil no ano?

País tem de 10 a 15 representantes nacionais da beleza todos os anos

Miss Grand Brasil, Marjorie Marcelle; Miss Brasil Universo, Júlia Horta, e Miss Brasil Mundo, Elis Miele
Miss Grand Brasil, Marjorie Marcelle; Miss Brasil Universo, Júlia Horta, e Miss Brasil Mundo, Elis Miele - Reprodução/ Instagram
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É começo de 2019, fevereiro. A paulista Marjorie Marcelle é eleita Miss Brasil. Com rosto e corpo perfeitos, a beldade deixa público e jurados extasiados com sua performance.

O ano é 2019, março. A mineira Júlia Horta é eleita Miss Brasil. Ela arrebata plateia e júri com firmeza e atitude tanto na passarela quanto na clareza ao responder a pergunta final. Ainda é 2019, setembro. A mineira Elis Miele é eleita Miss Brasil. Com graça e delicadeza e uma resposta impecável ao desfecho, deixa público e jurados a seus pés.

Ué? Três brasileiras eleitas Miss Brasil no mesmo ano? Como isso é possível? Realmente é de confundir a cabeça de qualquer um. Mas é mais simples do que parece!

"É possível isso sim, pois existem várias franquias de vários concursos internacionais que condicionam representantes brasileiras. No momento em que ela é escolhida, aclamada ou indicada, e leva no peito a faixa com o nome do Brasil, ela vai ser a Miss Brasil para aquele concurso", explica João Ricardo Camilo Dias, 47, curador do blog Miss Brazil On Board, especializado em concursos de beleza.

Somando todas as franquias, segundo Dias, que atuam hoje no país, é possível que o Brasil tenha por ano uma variação de dez a quinze misses representando o país. Henrique Fontes, diretor do CNB e especialista em concursos, afirma que entender o local de cada uma dessas competições não é nada complicado.

"Sempre faço a analogia que é como Coca-Cola e Pepsi, pois um não anula o outro e cada um tem suas qualidades e características. Miss é uma palavra internacional, Brasil é uma palavra de domínio público, ninguém tem absoluta exclusividade do Miss Brasil, então acaba que tem vários concursos", diz Fontes.

"Então, é possível sim um Miss Brasil licenciado do Miss Universo, outro do Miss Mundo e etc. A gente mesmo faz, além do Miss Brasil Mundo, o Miss Grand Brasil, vamos fazer o Miss Supranational Brasil e tem os menores, cada um com o seu valor", completa.

As candidatas, diz Fontes, devem entender essas diferenças e sempre levá-las em consideração. "As meninas têm que estudar os concursos antes de entrar, não sair correndo por uma faixa sem saber o que ela representa, para onde que ela leva e o que se busca, tanto no concurso nacional quanto no internacional. Há misses que, inclusive, participam de um concurso, não vencem e participam de outro."

Esse tipo de fato acontece bastante entre as postulantes mundo afora. Curiosamente temos dois exemplos disso no Brasil e, também, nesse texto. Elis Miele já disputou o Miss Brasil Universo, representando Minas Gerais, e Júlia Horta já disputou o Miss Brasil Mundo duas vezes, defendendo também a faixa do estado mineiro.

Na visão de Miele, é ideal cada concurso ser distinto para agradar a tantas mulheres com metas de vida diferentes. "Para conquistar um título é importante se conectar com os objetivos do concurso e se preocupar se ele tem a bandeira que você apoia e se está dentro dos padrões e objetivos que a miss tem dentro dela", explica a miss.

"O Miss Mundo tem esse diferencial de que cada miss leva seu projeto social e tem a oportunidade de dar voz à bandeira que ela carrega. Eu me encontrei com o Miss Mundo, tenho essa conexão e me sinto à vontade para ser eu mesma. Participo de ações sociais desde os 14 anos e já ajudei várias instituições da minha cidade, pessoas físicas, famílias, e é algo que tenho grande paixão", detalha.

MUNDO VERSUS UNIVERSO

Hoje, os dois certames mais conhecidos no Brasil são, justamente, o Miss Universo e o Miss Mundo. Muitos fãs enxergam uma rixa entre os dois, mas João Ricardo Camilo Dias e Henrique Fontes dizem acreditar que a paz se mantém absoluta no reino da beleza.

"Eles são tecnicamente os maiores e mais antigos, por isso acabam sendo os mais conhecidos, não só no Brasil mas também na grande maioria dos países. O Miss Universo se popularizou mais entre os latinos e os asiáticos, que gostam mais do perfil que ele apresenta, com uma pegada mais fashion e comercial", diz Dias.

"Especialmente no Brasil, ele teve mais difusão por conta do mito Martha Rocha, a baiana de beleza estonteante que em 1954 acabou perdendo o concurso por supostas duas polegadas a mais em suas medidas de quadril", completa.

Fontes observa também os dados estatísticos dessa grande popularidade dos eventos. Ele leva em conta que os números falam por si, não somente em termos do total de países participantes, mas também as televisões pelo mundo que passam esses concursos e a mídia que faz a cobertura.

"O Miss Mundo é mais popular especialmente na Europa, na maioria dos países africanos, na Ásia, na Austrália e na Nova Zelândia. Já o Miss Universo, que é um concurso que nasceu nos Estados Unidos, é mais popular aqui nas Américas. Depois da internet surgiram muitos concursos, entre eles alguns grandes. Mas é muito difícil encontrar algum que chegue perto do Mundo e Universo. Tanto que não dá para dizer qual é o maior ou qual é o mais popular, pois os dois têm sua importância dependendo de cada país", afirma Fontes.

Portanto, tanto Marjorie quanto Júlia e Elis são, sim, Miss Brasil 2019. Porém, cada uma delas participou da etapa tupiniquim de um concurso internacional diferente e vão representar o país em dias, locais e palcos diferentes. "Não tem essa coisa de ‘Miss Brasil Oficial’ pois todas as meninas que representam o país em quaisquer dos concursos internacionais existentes são Miss Brasil", reafirma Dias.

Marjorie vai disputar o título de Miss Grand International no dia 25 de outubro, na Venezuela. Júlia vai disputar a coroa de Miss Universo no dia 8 de dezembro, nos Estados Unidos. Elis vai disputar o posto de Miss Mundo em 14 de dezembro, em Londres. Para facilitar: Marjorie é a Miss Grand Brasil, Júlia é a Miss Brasil Universo e Elis a Miss Brasil Mundo, todas rainhas da beleza brasileira de 2019.

E quem pensa que são só elas que reinam neste ano, está muito enganado! Temos ainda a paranaense Carolina Stankevicius Cruz, que vai disputar em novembro o Miss International; a paulista Maria Gabriela Batistela, que vai competir em outubro no Miss Terra; a catarinense Fernanda Souza, que vai para o Miss Supranational, em dezembro, na Polônia, fora as representantes de outros concursos menores. Todas com o título de Miss Brasil.

De faixa a coroa

Fábio Luís de Paula é jornalista especializado na cobertura de concursos de beleza, sendo os principais deles o Miss Brasil, Miss Universo, Miss Mundo e Mister Brasil. Formado em jornalismo pelo Mackenzie, passou por Redações da Folha e do UOL, além de assessorias e comunicação corporativa.
Contato ou sugestões, acesse instagram.com/defaixaacoroa e facebook.com/defaixaacoroa

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