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Zapping - Cristina Padiglione

'Terra e Paixão' estreia com a pior audiência de novela das nove

Prévia dos índices em São Paulo aponta para 24,2 pontos, 1 a menos que 'Um Lugar ao Sol'

Cauã Reymond é Caio em cena em 'Terra e Paixão' - João Miguel Júnior/Globo
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São Paulo

"Terra e Paixão" estreou com 24,2 pontos na Grande São Paulo, segundo dados preliminares de audiência mensurados pela Kantar Ibope Media e antecipados no Twitter pelo site TV Pop. Cada ponto na Grande São Paulo equivale neste ano a 206.674 telespectadores na região.

É o menor patamar já registrado por uma novela das nove da Globo (antes chamada "das oito"), recorde que antes pertencia a "Um Lugar ao Sol", de Lícia Manzo, produção toda gravada antes de ir ao ar, em decorrência da pandemia. Esse parâmetro vale seguramente desde 1991, quando o Ibope iniciou a medição de audiência pelo people meter, aparelho que até hoje serve como base da pesquisa de audiência em tempo real no Brasil.

O folhetim de Walcyr Carrasco herda a audiência frágil de "Travessia", que estreou com 26 pontos na região e passou a maior parte de sua exibição abaixo desse nível. A novela de Glória Perez terminou como a segunda menos vista do horário, atrás justamente de "Um Lugar ao Sol", tomando o posto que antes pertencia a "Babilônia" (2014), novela de Gilberto Braga que enfrentou "Dez Mandamentos", da Record.

Agora, tanto Record como SBT não oferecem grande concorrência, mas os serviços de streaming tomam uma atenção do público em patamares inexistentes há nove anos

Em termos estratégicos, o capítulo não foi ruim. A edição apresentou um perfil dos principais personagens e de cara promoveu o crime que motivará a mocinha de Barbara Reis a lutar contra o vilão de Tony Ramos, dando largo espaço ao agroboy do bem, Caio, papel de Cauã Reymond.

Em dez minutos de episódio, o público já soube quem é bonzinho e quem é malvado, quem é rico e quem é pobre. Já sabia que Susana Vieira é a prostituta envelhecida da vez, personagem presente em outras novelas de Carrasco, e que Aline (Barbara) não amava loucamente o marido morto, artifício para justificar o fato de que logo logo ela se envolverá com os filhos de seu algoz.

As heroínas, que pena, continuam tendo de justificar afeto por mais de dois homens, condição que não é exigida dos mocinhos.

Com predominância vermelha, cor que constava do título provisório do folhetim ("Terra Vermelha"), as cenas do primeiro capítulo esbanjaram longos takes de plantações e pautam a própria abertura, que traz um acabamento quase infantil, toscamente solucionado em computação gráfica. É algo muito artificial para um produto que tem a pretensão de comover o público, com imagens dos atores em meio a horizontes de plantação.

Resta a esperança de que o conhecido timbre de Chitãozinho e Xororó para famosa canção de Zé Ramalho sane o caráter de familiaridade que falta ao trabalho visual, uma composição de dar inveja a hits da Televisa e novelas turcas.

Apesar da baixa audiência de estreia, "Terra e Paixão" exibe ingredientes infalíveis para ganhar mais adesão em poucos capítulos, incluindo a irrepreensível atuação do elenco, com destaque para Tony Ramos, Cauã Reymond, Johnny Massaro, Tatiana Tibúrcio, Susana Vieira e, que maravilha, Barbara Reis, dona de uma força dramática rara.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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