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Zapping - Cristina Padiglione

'Terra e Paixão': Com 1ª semana fraca, novela pode sofrer cortes

Didatismo exagerado está sujeito a ajustes por meio de reedição; objetivo é dar dinamismo à história

Barbara Reis como Aline, em momento Scarlett O'Hara de '...E o Vento Levou', na novela 'Terra e Paixão', de Walcyr Carrasco - João Miguel Júnior/Divulgação
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São Paulo

Apesar das perspectivas de melhorar a audiência da faixa da novela das nove da Globo, "Terra e Paixão" fechou sua primeira semana com números ainda modestos em relação ao patamar obtido por sua antecessora no mesmo período.

Na Grande São Paulo, região metropolitana de maior consumo do país, o enredo de Walcyr Carrasco obteve média de 24 pontos nos seus seis primeiros capítulos, 28 pontos no Rio e 24,2 no PNT, o Painel Nacional de TV, como rezam os dados da Kantar Ibope Media.

"Travessia" somou, no mesmo período, 23,3 pontos na mesma Grande São Paulo. O que amplia a vantagem da novela atual é que as estimativas da Kantar Ibope Media para cada ponto de audiência englobem este ano mais pessoas que em 2022, chegando agora a 206.674 telespectadores na Grande São Paulo (ante 205.755 no ano passado), 125.405 no Rio (ante 124.692 em 2022) e a 717.088 no PNT (versus 713.821), que mensura as 15 regiões metropolitanas de maior consumo do país.

Uma avaliação que tem aparecido bastante em comentários de leitores e espectadores no Twitter, Instagram e YouTube é que Carrasco exagera no didatismo necessário para a compreensão da história.

Como dizia Nelson Rodrigues, as coisas ditas uma vez, e uma só vez, não são registradas pelas pessoas, e em uma novela, isso é fundamental, dado que o público não vê esse tipo de produção com a mesma atenção com que assiste a um filme dentro de uma sala escura. A repetição é necessária, mas tem limites.

O autor tem levado a necessidade de redundância tão a sério, que já repetiu por cinco capítulos, por meio de flashbacks e de diálogos sobre o assunto, o drama da mocinha que teve o marido assassinado em razão da cobiça do vizinho por suas terras, recusando-se a vender a propriedade e jurando que vai plantar e vai vencer.

O didatismo à exaustão, além de cansar a plateia, também sofre da falta de qualquer recompensa. Por exemplo: é possível salpicar alguma repetição dos fatos, desde que a trama não fique paralisada como refém desse recurso, o que não acontece em "Terra e Paixão".

Desde "Avenida Brasil" (2012), o público passou a apreciar tramas que avancem rapidamente, queimando cartuchos que antes só seriam solucionados na última semana. É um ritmo que dá mais trabalho aos roteiristas, obrigados a criar novos ganchos e suspenses a cada semana.

Diante desse diagnóstico, a Globo costuma cortar adiposidades identificadas como responsáveis pela falta de entusiasmo do público em começos de novelas, e "Terra e Paixão" está agora nessa etapa, sob o risco de perder cenas gravadas das edições que forem ao ar.

A direção da emissora fará um pente fino na novela para reduzir o lenga-lega e tentar salvar, antes que seja tarde, o interesse do público pela história.

Neste domingo, a trama voltou a ser assunto no Fantástico, em reportagem para promover a novela, algo que normalmente ocorre no domingo anterior à estreia e, esporadicamente, em momentos relevantes do folhetim. A tônica foi uma exaltação ao agronegócio, cenário da produção e nicho de grande interesse comercial para a emissora.

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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