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Zapping - Cristina Padiglione
Descrição de chapéu jornalismo

Jovem Pan bate GloboNews e CNN no ibope, mas falta seduzir anunciantes

Canal liderou audiência do segmento de notícias na tarde de sexta, seguindo em 3º no ranking comercial

O escritor Pavinatto em cena na Jovem Pan News
Pavinatto viralizou no Twitter ao levantar suspeita de que o ministro da Justiça Flávio Dino queira tirar o PCC da Amazônia para privilegiar o Comando Vermelho na região - Reprodução Jovem Pan
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São Paulo

A TV Jovem Pan News alcançou um feito importante na tarde de sexta-feira (19): normalmente posicionada em 3º lugar entre os canais de notícias, a emissora venceu suas concorrentes GloboNews e CNN Brasil, das 12h às 18h, no PNT, Painel Nacional de TV, que soma as 15 regiões metropolitanas de maior consumo do país.

Segundo dados preliminares da Kantar Ibope Media no universo de Pay TV, a Pan marcou 0,45 ponto na faixa horária, enquanto a GloboNews ficou em segundo lugar, com 0,37 ponto, ante 0,21 da CNN Brasil e 0,09 da Record News --que também tem transmissão por TV aberta e portanto soma outra plateia além da TV paga. Em último, a BandNews se contentou com 0,02 ponto.

Cada ponto no universo de TV paga no Brasil representa hoje 234.322 telespectadores, segundo dados da Kantar Ibope Media.

Em tese, a programação da Jovem Pan não trouxe nada anormal, mantendo os programas de sempre entre as 12h e as 18h: Pânico, Linha de Frente, Prós e Contras, 3 em 1 e Pingos nos Is. Dois elementos, no entanto, chamaram atenção no período:

1) O apresentador Tiago Pavinatto viralizou no Twitter ao levantar suspeita sobre o ministro Flávio Dino, apontando que ele talvez quisesse retirar o PCC da Amazônia para privilegiar o Comando Vermelho por lá. Embora não haja qualquer indício do que o apresentador afirma, sua premissa é que Dino estaria acertado com as facções do Rio de Janeiro por ter, ainda de acordo com a sua percepção, entrado no Complexo da Maré sem pedir licença a supostos mandatários criminosos da região.
2) Na quinta-feira (18), o ministro Alexandre de Moraes citou a Jovem Pan ao rachaçar fake news e sua instrumentalização pela emissora, o que também gerou repercussão no Twitter.

Nos dias anteriores da semana, a Jovem Pan ficou no alvo de milhares de comentários em razão do estado de saúde de Emílio Surita, que chegou a se afastar do comando do Pânico para dar início a um tratamento contra um câncer.

Ainda que tais fatores sejam considerados, convém atentar para uma semana que trouxe movimentação no cenário político, levando GloboNews e CNN Brasil a se ocuparem dos depoimentos e revelações sobre o caso do cartão de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro, com o qual a linha editorial da Jovem Pan se aliou.

Essa foi a primeira vez que a Jovem Pan, canal inaugurado em outubro de 2021, liderou a audiência por seis horas seguidas no segmento de notícias da TV paga.

Os bons índices, no entanto, ainda não seduziram o mercado publicitário, sem o qual a audiência de nada vale. No horário da liderança, a Pan permaneceu em 3º lugar no que diz respeito ao tempo vendido para comerciais.

Levantamento exclusivo obtido pela coluna aponta que no horário das 12h às 18h, a GloboNews teve 15'10'' de comerciais, enquanto a CNN fez 12'40'', e a Pan, 7'50'. Os tempos excluem chamadas promocionais dos canais, concentrando-se apenas em anúncios.

Pouco antes das eleições, a Jovem Pan sofreu sanções aplicadas pelo YouTube e TSE para retirada de conteúdo falso ou tendencioso do portal de vídeos do Google, sendo também alvo do Sleeping Giants, movimento que alerta anunciantes sobre a veiculação de suas marcas em sites que propagam fake news. A emissora protestou pelo boicote e, após as eleições, dispensou seus comentaristas mais identificados com o bolsonarismo, trocando também a presidência do grupo, a fim de demonstrar mudança na linha editorial.

Atual hit de audiência da Pan, Pavinatto já é identificado como porta-voz de um discurso que parecia ter caído em desgraça após a saída de nomes como Rodrigo Constantino, Augusto Nunes e Ana Paula Henkel.

Neste sábado (20), o ministro Flávio Dino reagiu ao comentário de Pavinatto a seu respeito: "Isso é o que a extrema direita chama absurdamente de liberdade de expressão. Óbvio que não é. Em nenhum país do mundo".

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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