De 'Tropa de Elite' a novela infantil: André Mattos chega ao SBT
Ator fala sobre personagem de 'A Infância de Romeu e Julieta', projeto de humor e nova peça em SP
Em tom de mestre de cerimônias circense, André Mattos apresentou os protagonistas de "A Infância de Romeu e Julieta" no evento de lançamento da nova novela do SBT, parceria com o Prime Video, realizado quinta-feira (27) em dos estúdios da emissora de Silvio Santos. A produção estreia em 8 de maio, às 20h45, e o serviço de streaming disponibilizará os cinco primeiros capítulos na mesma data.
Com 25 anos de carreira, o ator já passou por Globo, Record, Netflix e uma das maiores bilheterias do cinema, sendo até hoje bem lembrado pelo apresentador sensacionalista de "Tropa de Elite". Agora, experimenta pela primeira vez a condição de contratado do SBT, empresa para a qual reserva planos além da novela escrita por Iris Abravanel.
No enredo, Mattos vive Fausto, um dramaturgo fracassado, gente boa, pai de uma menina com deficiência auditiva, com espaço para divertir, ensinar e emocionar a plateia.
O expediente em São Paulo veio a calhar para a temporada da comédia "Bonifácio Bilhões", de João Bethencourt, espetáculo em que ele é protagonista, tendo Letícia Cannavale e Isser Korik (também produtor) como companhias em cena. A peça estreia nesta semana, dia 6 de maio, no Teatro UOL.
Há 21 anos, lembra, quando esteve na sede do SBT para falar de seu D. João 6º, papel na minissérie "O Quinto dos Infernos", de Carlos Lombardi, na Globo, Mattos projetou: "Um dia vou trabalhar aqui". Eis que essa hora chegou.
"É muito bom poder voltar à TV com o Fausto", diz, em referência a um longo período trabalhando para o cinema e o streaming. O personagem é "um dramaturgo fracassado, pai da Pórcia (Beatriz Oliveira), que tem deficiência auditiva". "Isso é um grande charme, a gente traz uma personagem surda para uma novela, ela se comunica pela linguagem de sinais, que é a segunda língua mais usada no Brasil, e mobiliza uma massa de DA para assistir a essa novela, acho que a gente cumpre uma fução social incrível", conclui Mattos.
Fausto cresceu entre os Campos --que seriam os Capuletos do romance original de William Shakespeare, no qual a novela é livremente inspirada-- e os Monteiros (Montechios). Mas por alguma razão que não se apresenta no início da história, ficou pobre e devendo favores a Leandro Monteiro (Guilherme Sant'Anna), e trabalha como zelador do condomínio onde a história se passa, o que é uma grande frustração para ele.
Viúvo, nutre uma relação de afeto com a filha. "Ele está sempre buscando inspiração, vai representando esses personagens, é um cara muito febril, um artista o tempo inteiro em criação. Isso me possibilita representar no lugar do artista, do dramaturgo, do ator", comemora.
Enquanto mantém um pé na dramaturgia e outro nos palcos, espaço também frequentado com o "Dedé Show", uma dramatização bem-humorada de sua trajetória, Mattos desenvolve projetos de humor para o mesmo SBT. A ideia, ainda embrionária, prevê pílulas para os intervalos da programação e o resgate de Seu Fininho, personagem da Escolinha do Professor Raimundo dos idos de Chico Anysio. Quem sabe ele não volta no banco da "Praça é Nossa", de Carlos Alberto de Nóbrega?
Mattos idealiza ainda um plano para levar mitologia grega às crianças, se possível em versão ao vivo, e celebra a importância de trabalhar para o público infantil: "é formação de plateia", sublinha.
DA TROPA PARA O MUNDO
Mattos sabe que o deputado Fortunato, personagem de "Tropa de Elite" que atuava como apresentador de noticiário policialesco, lhe abriu portas para o mercado internacional, mas gosta de lembrar que ama todos os papéis da mesma forma. Foi Fortunato que o levou a "Narcos", série internacional da Netflix, com Wagner Moura, dirigida também por José Padilha.
"Foi o trabalho que mais me projetou internacionalmente", reconhece. "A partir dali, eu trabalhei nos Estados Unidos e trabalhei muito em Los Angeles. Foi uma espécie de trampolim para a minha carreira internacional, inclusive por causa do Zé Padilha."
De lá para cá, além de ter passado por outros filmes e séries, tirou mais de 50 Kg do corpo --"um saco de cimento", brinca--, sem recorrer a cirurgia e só com hábitos alimentares e físicos que lhe deram outro vigor de saúde. A transformação estética, no entanto, não lhe roubou o reconhecimento do público, que o identificam muito mais pela voz, conta, o que também lhe rende trabalhos relevantes em dublagem, como o longa de animação "Elementhal", que estreia em julho.
"Melhorei minha qualidade de vida, só à base de reorganização espiritual, alimentar, de treinamento físico. Não fiz operação, apesar de saber que funciona pra muita gente."
Entre os planos futuros, está também a direção de TV, uma área que acalenta enquanto atua na frente das câmeras, atento a toda a movimentação do set.
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