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Zapping - Cristina Padiglione

Última criação de Dias Gomes para a TV chega ao GloboPlay: é o fim do mundo

Paulo Betti fala sobre novela que segue atual, em que interpretava o paranormal Joãozinho de Dagmar, 'um picareta', lembra

O ator Paulo Betti caracterizado como Joãozinho de Dagmar
Paulo Betti era um charlatão que se anunciava como vidente na novela "O Fim do Mundo" (1996), de Dias Gomes - DIvulgação
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São Paulo

O que você faria se o fim do mundo se aproximasse e lhe restasse pouco tempo de vida? A premissa não é inédita, foi vista e revista em diferentes filmes e peças, mas em 1996 tinha mais frescor que hoje e antecedeu inclusive o filme "Almost Famous", que brinca bem com essa ideia de soltar seus freios e eliminar filtros, sem pensar nas consequências de seus atos.

Essa é a provocação que Dias Gomes traz em "O Fim do Mundo", última criação do dramaturgo para a TV, que chega ao GloboPlay nesta segunda-feira (13). Gomes ainda faria outro trabalho para a Globo antes de morrer em um acidente de trânsito em São Paulo, a bordo de um táxi, em 1999, aos 76 anos, mas era uma adaptação de "Dona Flor e seus Dois Maridos", do conterrâneo Jorge Amado, em minissérie.

Com apenas 35 capítulos, "O Fim do Mundo" tevm tamanho de minissérie, mas foi a menor obra seriada exibida no horário da novela 3. O enredo, que segue atual, se passa em uma fictícia cidade no interior da Bahia que vive da plantação e do turismo, estimulado pelos fluidos afrodisíacos emanados pela Gruta do Amor e pela fama do vidente Joãozinho de Dagmar, interpretado por Paulo Betti.

Embora tenha opositores que o acusem de ser charlatão, Joãozinho faz previsões certeiras. Na porta de sua casa, uma romaria de fiéis busca sempre a cura para todos os males.

A cidade tem um ritmo monótono, até o dia em que Joãozinho prevê a destruição do planeta para dali a três meses. Logo depois, fatos estranhos começam a ocorrer e a população entra em pânico, acreditando ser o início do apocalipse.

Há ainda os incrédulos, que também tentam tirar alguma vantagem daquela situação como o malandro Vadeco (Tato Gabus Mendes), que resolve se aproveitar da situação e passa a vender terrenos no céu.

A obra esbanja créditos: foi escrita por Dias Gomes com colaboração de Ferreira Gullar, e teve direção de Paulo Ubiratan e Gonzaga Blota. No elenco, figuram nomes como Paulo Betti (Joãozinho de Dagmar), Isabel Fillardis (Lindalva), Luciana Coutinho (Jaaciara), Alexia Dechamps (Valdete), José Wilker (Sebastão Socó), Bruna Lombardi (Gardênia), Paloma Duarte (Letícia), Guilherme Fontes (Josias Junqueira), Lima Duarte (Ildásio Junqueira), Carlos Vereza (Dr. Pestana), Otávio Augusto (Tonico Laranjeira), Tato Gabus Mendes (Vadeco), Vera Holtz (Florisbela Mendonça), Maurício Mattar (Rosalvo), Ângela Vieira (Margarida), Marcelo Faria (Maninho Junqueira), Cininha de Paula (Zizi Badaró), Pedro Paulo Rangel (Mudinho), Norton Nascimento (Frei Euzébio) e Totia Meirelles (Dra. Cacilda).

Intérprete do paranormal que prevê o fim do mundo, Paulo Betti fala sobre as memórias que guarda daquele trabalho: "Para mim foi realmente uma grande honra protagonizar uma novela do Dias Gomes, autor do qual eu sempre fui absolutamente fã", diz. "A primeira peça de teatro que eu fiz, que me abriu as portas na carreira de ator, foi o 'Pagador de Promessas'. Eu tinha vinte anos nessa época. Então você imagina o quanto meu respeito e admiração por Dias Gomes eram imensos quando soube que faria 'O Fim do Mundo'.

Para definir seu Joãozinho Dagmar, Betti não procura meias palavras nem justificativas. "Era um picareta", fala. "Então, acho que um dos meus maiores desafios, na construção desse personagem, era ter um equilíbrio entre trazer a essência dele e, ao mesmo tempo, convencer as pessoas de que aquilo era crível."

Betti lembra especialmente com carinho das cenas que gravou com as atrizes Isabel Fillardis, Alexia Deschamps e Luciana Coutinho, suas três esposas na história. "A gente se divertia muito juntos em cena."

A maior dificuldade, revela, era usar lentes de contato. "Meu personagem tinha olhos claros e, às vezes, eu me atrapalhava um pouco na hora de colocá-las para gravar."

"O clima entre todos os colegas era muito leve e divertido", conta Betti. "Como o texto da novela ainda era muito bom, a gente estava sempre muito feliz e entusiasmado em cena. Lembro que a novela fez tanto sucesso não só no Brasil como fora do país. Eu cheguei a receber um convite por causa do meu personagem para fazer uma palestra na cidade de Oeiras, em Portugal, para falar sobre o futuro da humanidade."

Questionado sobre o que faria se o mundo acabasse amanhã, confessa: "nunca pensei nessa hipótese".

"Acho na verdade que temos que lutar arduamente, dia após dia, para que o mundo não acabe tão rápido quanto ele parece que vai acabar pelos desmandos ecológicos que o ser humano anda cometendo."

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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