Vestindo uma camiseta do MST, Movimento Sem Terra, Chico Pinheiro se levantou de sua cadeira, na fila do gargarejo do show de Chico Buarque e Mônica Salmaso no Rio de Janeiro, e entregou ao cantor um boné com a sigla CPX, que passou a ser disputadíssimo após ser usado pelo então candidato Lula em visita ao Complexo do Alemão durante a campanha eleitoral.

Buarque imediatamente incorporou o acessório ao figurino e o exibiu à plateia, que viu a cena como uma celebração à eleição do presidente. Lula recebeu apoio declarado dos dois Chicos, Pinheiro e Buarque, ao longo de todo o processo eleitoral.

Quando usou o boné na visita do Alemão, em outubro, Lula foi alvo de notícias falsas disseminadas por bolsonaristas, uma prática comum entre os adeptos do ex-presidente, que atribuíram à sigla CPX o significado de "cupinxa", termo associado ao tráfico de drogas. Os adversários também plantaram a versão de que só os soldados do tráfico poderiam autorizar a circulação de Lula pela comunidade carioca, o que indicaria sua proximidade com o universo do crime.

"Uma honra entregar o boné do CPX, símbolo da resistência e luta, ao meu xará mais ilustre", escreveu Chico Pinheiro no seu perfil no Instagram. O público aplaudiu.

A disseminação do falso significado sobre CPX, ainda em outubro, gerou uma reação contrária dos apoiadores de Lula, fazendo que a demanda por novas peças como aquela disparasse. A ONG Voz das Comunidades aproveitou a febre do boné com a sigla CPX para arrecadar 3.000 cestas básicas em uma ação de Natal.

"A sigla sempre foi usada em vários lugares: restaurantes, bares, até projetos do governo. Quando desmentimos [a fake news espalhada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro] e mandamos um boné desse para a Xuxa, para jornalistas, percebemos que virou objeto de desejo, de orgulho", contou o fundador, Rene Silva, 28, em reportagem à Folha ainda em dezembro.

Confira abaixo o momento em que Pinheiro presenteia Buarque, da plateia para o palco no show de sábado, 7.

Zapping - Cristina Padiglione

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Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).