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Zapping - Cristina Padiglione

Bruno Mazzeo: 'Tem piadas que não se deve fazer hoje na TV porque não se deve fazer na vida'

Ator e roteirista faz diagnóstico sobre a questão na série Comediantes que Amamos, do Viva

Bruno Mazzeo dá entrevista em sua casa
Bruno Mazzeo na série Comediantes que Amamos, do canal Viva - Reprodução/Viva Play
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A piada que pereceu, ou perdeu a vez para os holofotes porque o mundo mudou, tem sido um dos alvos das boas conversas que o professor Hermes Frederico, criador da série "Comediantes que Amamos", gravou com 15 humoristas para a nova produção do canal Viva.

Entre os quatro episódios que já estão disponíveis no streaming do Viva, está Bruno Mazzeo, que define com precisão o diagnóstico dessa questão que ainda parece incompreensível para muita gente: por que determinadas piadas já não cabem mais no palco, que dirá na TV?

"Eu acho que o humor tem que se comunicar com a sociedade daquele momento pra poder funcionar. Por isso talvez muita coisa fique datada: porque era muito boa naquele momento", diz o ator e roteirista. "As charges que satirizavam Getúlio nos anos 30 eram super atuais naquele momento", exemplifica.

"Isso serve, claro, para os costumes. Então, o humor evolui junto com a sociedade, a partir do momento em que a sociedade evolui em alguns comportamentos, em alguns entendimentos de erros históricos. Nada mais juto que o humor acompanhar essa sociedade."

"Tem piadas hoje aque não se deve fazer num programa de humor porque não se deve fazer na vida", resume.

Mazzeo se diz "muito tranquilo em relação a isso": "Estou procurando me atualizar como homem, cidadão e humorista", diz.

O humorista reconhece que já fez piadas que hoje não poderia mais fazer, mas não porque seja uma proibição, e sim porque não há mais lugar para elas. "Eu não vou me culpar por ter feito e nem me arrepender delas, porque eu acho que naquele momento, daquela sociedade, ela funcionava."

"Por isso eu acho ingrato julgar qualquer trabalho antigo com o olhar de hoje. Você pode corrigir a sociedade pra que esse olhar não continue se repeinto."

ACERVO

"Comediantes que Amamos" reúne 15 nomes, cada um com direito a um episódio, mesclando o depoimento do retratado com cenas dele ao longo de sua trajetória. É claro que a série documental aproveita para resgatar outras figuras envolvidas com cada entrevistado, com referências que vêm bem a calhar nesse momento em que a TV nunca foi tão carente de riso.

No caso de Mazzeo, é evidente a oportunidade de se abordar o vasto universo de Chico Anysio, seu pai. A entrevista com Hélio de la Peña traz seus pares no Casseta & Planeta, assim como Dedé Santana remete aos demais Trapalhões e Heloísa Perissé, a Dercy Gonçalves.

Frederico segue a premissa de desnudar seus entrevistados. Longe de seus figurinos e de suas caracterizações, busca um depoimento à moda do Ensaio, do saudoso Fernando Faro, sem que o entrevistado apareça em cena.

A série é mais uma de Frederido que vem se juntar a produções relevantes para abastecer a tão mal cuidada memória da TV brasileira, ao lado de títulos como "As Vilãs que Amamos" e "Os Casais que Amamos", ambas focadas na teledramaturgia.

Concebida ainda no final de 2021, a nova produção foi feita em tempo quase recorde, e se tornou uma gincana depois que o criador da série foi atropelado no Rio. Isso não o impediu de viajar do Rio para São Paulo e acompanhar todas as entrevistas a bordo de uma cadeira de rodas.

Agora, conta à coluna, já pode acompanhar o programa em condições de não precisar de mais que uma bengala.

A lista de retratados se estende a Maria Clara Gueiros, Rodrigo Sant'Anna, Lúcio Mauro Filho, Nany People, Cacau Protásio, Fafy Siqueira, Luiz Fernando Guimarães, Berta Loran, Migel Falabella, Dani Calabresa e Fabio Porchat.

Comediantes que Amamos tem um capítulo exibido pelo Viva a cada segunda-feira, às 18h, ficando depois disponível no Viva Play, via operadoras de TV e GloboPlay (para assinantes do pacote mais robusto).

Zapping - Cristina Padiglione

Cristina Padiglione é jornalista e escreve sobre televisão. Cobre a área desde 1991, quando a TV paga ainda engatinhava. Passou pelas Redações dos jornais Folha da Tarde (1992-1995), Jornal da Tarde (1995-1997), Folha (1997-1999) e O Estado de S. Paulo (2000-2016). Também assina o blog Telepadi (telepadi.folha.com.br).

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