Colo de Mãe

Queria que o tempo passasse de leve para sentir cada momento da existência das minhas filhas

A regra é ser feliz em qualquer dia

Valerii Honcharuk/Fotolia
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Descrição de chapéu Agora

"Congela o tempo pr’eu ficar devagarinho/com as coisas que eu gosto e que eu sei que são efêmeras”. A voz da cantora Tulipa Ruiz, na canção Efêmera, ecoa na minha cabeça há semanas. Porque o passar do tempo é, talvez, a única certeza verdadeira do universo materno.

Eu já falei diversas vezes aqui de quanto dói ver os filhos crescendo. E de quanto, ao mesmo tempo, tudo isso é gratificante. De forma geral, tento trabalhar a questão do tempo dentro de mim para que não doa tanto. Eu sou canceriana, saudosista, e luto para que o passado não me prenda.

Tenho conseguido algum sucesso com essa questão de lidar com o passar do tempo. Para isso, tenho utilizado o combo “pensar que os filhos são para o mundo mais terapia semanal”. Mas, nesta semana, uma lembrança no Facebook me tocou totalmente.

Luiza, aos oito anos, e Laura, aos três, fantasiadas de Elsa e Ana, as irmãs do emocionante filme "Frozen". Na legenda, uma das muitas histórias sensacionais protagonizadas pela minha primogênita. Ela queria sair fantasiada e eu perguntei o por quê. A resposta, mais simples, inocente e cheia de significado possível foi: “Porque hoje é 26 de abril, mamãe”. Sim. Era tempo de ser feliz. Como é tempo de ser feliz todos os dias. E como a gente esquece de tudo isso! Como o dia a dia corrido nos faz viver os momentos sem pensar.

Acredito, realmente, que é muito importante olhar para a frente, e tenho para mim que o melhor tempo é o presente, por isso celebro várias conquistas das minhas meninas e penso que as fases difíceis já passaram.

Mas a lembrança das minhas filhas, tão pequeninas, tão sábias, tão felizes e sorridentes, tão puras e inocentes despertou em mim esse desejo cantado pela Tulipa Ruiz, que é de ficar mais um pouquinho, ficar devagarinho, aprendendo sempre, em cada parte do caminho.

Especialmente hoje eu queria que o tempo passasse de leve e que eu pudesse sentir cada momento da existência delas, que me fazem resistir a cada novo dia. Por isso eu peço: “Destino, congela o tempo para eu aprender a ser feliz só mais um pouquinho”.

Agora

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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