Colo de Mãe

É difícil quando os filhos crescem, se tornam independentes e nos dão apenas tchau da janela

Tenho saudade das minhas bebês gordas e sorridentes

Pais se despedem de seus filhos na porta da escola
Pais se despedem de seus filhos na porta da escola - Fotolia
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Nutrimos impaciência e queremos ver o tempo pas­sar. Queremos que cresçam, parem de chorar e de acordar de madrugada. E quan­do crescem, parece que não estávamos preparadas. Tenho saudade das minhas bebês gordas e sorri­dentes, que só sabiam cho­rar, sorrir, mamar e sujar fraldas.

Tenho saudade do apego diário antes de entrar na escola e das dificuldades para segurar o lápis. Tenho saudade da lambu­zeira na hora de comer e das brincadeiras na banheira. Tudo isso, que parecia tão exaustivo, passou.

Peço para Laura segurar firme no corrimão da escada e ela diz que não precisa, pois não se desequilibra. Sei que as bebês inseguras ain­da estão ali, mas percebo-as se despedindo de mim. Como nos dias de excursão da escola.

Sobem no ônibus, independentes, ao lado dos amigos, e me dão o tchau da janela, dizendo que me amam –​e que é para eu pa­rar de fazê-las passar ver­gonha. Partem sorrindo, se­guras de si. Porque os filhos partem, deixando o nosso coração partido. E olha que ainda estou falando só das excursões da escola!

Colo de Mãe

Cristiane Gercina, 42, é mãe de Luiza, 15, e Laura, 9. É apaixonada pelas filhas e por literatura. Graduada e pós-graduada pela Unesp, é jornalista de economia na Folha. Opiniões, críticas e sugestões podem ser enviadas para o email colodemae@grupofolha.com.br.

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