'De Volta aos 15' põe Camila Queiroz e Maisa Silva no avesso de 'De Repente 30'
Série é adaptação do livro de Bruna Vieira, que fez sucesso entre jovens
Série é adaptação do livro de Bruna Vieira, que fez sucesso entre jovens
Todo mundo tem alguma situação mal resolvida na adolescência que, à luz da experiência que só a passagem dos anos traz, gostaria de consertar. É essa possibilidade que a série brasileira "De Volta aos 15", que estreia nesta sexta-feira (25) na Netflix, dá a sua protagonista, Anita.
A personagem é vivida por Camila Queiroz, 28, e Maisa Silva, 19, aos 30 e aos 15 anos, respectivamente. Na trama, Anita chegou à idade adulta sem estar bem estabelecida profissionalmente nem ter um relacionamento sério.
Ela é confrontada por essa realidade ao voltar à cidade natal para o casamento da irmã. Lá, no quarto onde passou toda a adolescência, resolve ligar seu antigo computador e, após logar no seu antigo Floguinho (uma referência à antiga rede de compartilhamento de fotos Flogão), é transportada de volta a sua realidade de 15 anos atrás.
Não metaforicamente, vendo as fotos e relembrando o que passou, mas de fato. É uma espécie de avesso de "De Repente 30", filme de 2004 que até hoje faz sucesso em suas inúmeras reexibições na TV, no qual uma jovem vai parar no corpo de sua versão mais velha, numa reflexão sobre como vamos nos distanciando de nossa essência.
Aqui, as discussões são outras, desde como nem sempre estamos preparados para lidar com o outro quando somos adolescentes —questões como bullying e construção da autoestima são o pano de fundo— e também sobre as expectativas (quase sempre frustradas) que criamos sobre nós mesmos.
O texto foi adaptado por Janaina Tokitaka (e roteirizado por ela e Renata Kochen, Alice Marcone e Bryan Ruffo) a partir da série de livros de Bruna Vieira, 27, por sua vez baseados no blog que ela mantém até hoje na internet. Tanto Camila quanto Maisa já conheciam o material original, que fez muito sucesso entre o público jovem.
"É bem legal fazer parte de uma história que a gente já conhece", conta Maisa, que leu durante a pandemia os dois primeiros livros —o terceiro ainda está para ser lançado.
"Eu fiquei muito emocionada porque eu acho que faz muito mais sentido quando você tem uma intimidade com a história, com autora da história, quando de alguma forma aquilo te marcou", concorda Camila, que era leitora do blog e ganhou os livros de presente da autora. "Ela fez parte dessa minha fase de adolescente, temos quase a mesma idade."
Para a série, dirigida por Vivianne Jundi e Dainara Toffoli, Maisa foi escalada primeiro. Ela descobriu que Camila faria sua versão mais velha por meio de uma mensagem enviada pela colega nas redes sociais. "A Cami me mandou uma mensagem falando que poderia rolar um projeto juntas", lembra. "Eu já estava com o 'De Volta aos 15' engatilhado, então eu falei: 'Não é possível, será que ela vai ser a Anita 30?'."
Para a autora, Camila lembra de ter enviado uma mensagem sucinta após ser confirmada no elenco: "Prazer, Anita". "Ela quase morreu, justamente porque a gente já se conhecia e ela já sabia que eu era leitora do blog", conta.
A escalação surpreendeu muita gente, já que as duas atrizes não são exatamente parecidas. Por isso, elas começaram a fazer um trabalho com as preparadoras de elenco e com a equipe de caracterização para achar um denominador comum.
"O que a gente está acostumado a ver são passagens de tempo, uma personagem que começa adolescente e depois fica mais velha", comenta Camila. "No nosso caso, não. A gente está junto o tempo todo porque a personagem tem o controle dessa passagem de tempo. Ela vai e volta quando ela quer depois que aprende. Então a gente está dividindo a personagem mesmo, o tempo todo."
Para Maisa, esse foi um dos maiores desafios desse trabalho. "Interpretar permite que a gente faça várias coisas diferentes, mas dividir uma personagem no mesmo tempo-espaço é incrível", avalia. "A nossa personagem acaba sendo afetada não só pela viagem o tempo, mas também pelo ambiente no qual ela está naquele momento. Acho que muitas pessoas vão se identificar com essa questão da Anita ser uma menina madura e uma mulher imatura."
"Foi um barato para nós poder descobrir isso juntas e poder estudar uma à outra. A gente estudou muito!", conta Camila, que chegava a passar até duas horas e meia na caracterização antes de começar a gravar qualquer cena —tudo para ficar com os cachos característicos da colega mais jovem.
Para quem viveu a adolescência no começo dos anos 2000, a série tem ainda outro atrativo: a época é retratada em todo seu esplendor com referências de figurino, de adereços e musicais. Junto com Anita ao passado, voltam as calças de cintura baixa, os tamagochis e alguns hits do período.
"Quando eu fui para o Raul Gil, para a televisão, tudo isso estava no auge", conta Maisa. "Foi bem nessa época, 2006. Então as músicas, Sandy e Junior, Rouge, Kelly Key, Pitty... tudo isso eu tenho na minha essência, na minha memória, só que eu não vivi a adolescência assim, que é basicamente você ter o seus gostos e as suas escolhas."
"Eu ouvia isso porque era o que estava tocando na rádio e eu tenho essa memória, [mas] não de uma identidade minha, porque eu era muito pequenininha", avalia. "Eu fiquei imaginando: o que será que eu estaria escutando com 15 anos nessa época? Se eu fosse adolescente, será que eu ia estar usando essas roupas? Será que o meu estilo seria esse ou outro? Então foi muito interessante mergulhar nesse universo."
Ela conta que todo o elenco das cenas com Anita aos 15 tentou fazer esse exercício. "Já existia internet, mas não era essa coisa de você estar com o seu celular o tempo inteiro, estar na mesa com os seus amigos mexendo nas redes sociais, não era assim", compara. "Você ia para casa e mexia nas redes sociais. Então foi até um detox para nós (risos)."
Camila, por sua vez, tem que lidar com a frustração da Anita de 30 anos, que vivem uma vida muito diferente da imaginada por ela própria aos 15. "Os tempos mudaram muito", avalia. "A minha mãe com 30 anos de idade já tinha três filhas. Era uma outra realidade. Hoje as meninas de 30 —porque eu ouso dizer que somos meninas ainda—, a gente está descobrindo o que a gente quer fazer da vida."
"Não necessariamente com 30 anos de idade você já tem que saber o que você quer fazer", defende. "Eu acho que ainda dá tempo de, de repente, se você fez uma faculdade que não gostou, fazer outra. Se estiver em um trabalho em que não está feliz, a fim de mudar, 'vambora'. Dá para fazer."
Na vida pessoal, a atriz conta que conseguiu alcançar muito do que sonhou. Ela lembra que já tinha uma inclinação para a área artística desde criança, mas também pensou em ser arquiteta. Contudo, seus objetivos foram se adaptando às situações que foi vivendo.
"As minhas expectativas foram se transformando ao longo da vida", explica. "Eu não sabia para onde a vida me levaria, mas eu queria ter o meu trabalho estabelecido e a minha família. Eu acho que deu certo, né? Ainda não sou mãe, mas também ainda não cheguei a 30 ainda. Quem sabe! (risos)"
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