Com 2ª temporada confirmada, 'Elite' é o seriado adolescente para maiores de 18 anos
Trama exibida pela Netflix tem ricos e pobres em tensa convivência
O enredo o brasileiro já conhece: em uma festa de bacanas, regada a bebidas e traições, um corpo é encontrado na piscina, e todos são suspeitos do crime. Mas, diferente de "O Rebu" (Globo), novela de 1974 regravada em 2014, a nova série espanhola “Elite”, da plataforma de vídeos sob demanda Netflix, não se prende ao dia do assassinato e tem em cena adolescentes.
Com trailer bem produzido, que mostrava estudantes abonados curtindo uma festa alucinante em clima de suspense, a Netflix prometia mais do que entregou. Ao final, é uma história juvenil que se perde entre cenas de intrigas e sexo, deixando a desejar na construção do “quem matou?”.
O ponto forte é como trabalha preconceitos, com a hipocrisia sempre a cobrar presença dando bofetadas na face dos personagens. O morto em questão é Marina, uma riquinha rebelde que não mede a consequência de suas escolhas. Ela e o irmão, um playboy moralista que namora uma patricinha sem escrúpulos, são alunos de uma escola com métodos que estimulam a competição.
Caem nesse ambiente hostil, completado por outro casal e o filho da diretora, três bolsistas oriundos da rede pública: o reservado Samuel, a muçulmana Nadia e o ambicioso Christian.
Marina se aproxima deles, e o choque entre mundos cria os conflitos da trama. Para completar, o irmão de Samuel, perseguido pelo tráfico, divide a atenção de Marina com o caçula. O espectador segue os arrastados dramas dos protagonistas, até seu desfecho.
Para quem assistiu a “La Casa de Papel” (Netflix), a expectativa para “Elite” se torna maior: ambas as produções têm no elenco Jaime Lorente, Miguel Herrán e María Pedraza. Apesar da história adolescente, a classificação etária de “Elite” é 18 anos, por cenas de drogas e sexo –esse, fluido e despido de amarras.
Há dramas como o do traficante muçulmano que se apaixona por um esportista. Uma segunda temporada acaba de ser confirmada pela Netflix, prevista para estrear em 2019.
VELHOS CONHECIDOS
Do elenco de “La Casa de Papel”, Miguel Herrán faz o público se esquecer do hacker Rio e brilha como o despachado Christian. María Pedraza (Marina) e Jaime Lorente (Nano) são mais lentos para deixar a memória de Alison (outra estudante rica) e Denver (outro bandido carismático).
Dividido em duas partes até aqui, o sucesso espanhol "La Casa de Papel" mostra carismáticos ladrões que se trancam com reféns na Casa da Moeda da Espanha, em um grandioso plano de roubo. Uma terceira parte está programada para entrar no ar em 2019. Disponível a assinantes na Netflix.
QUEM É A VÍTIMA?
Em “Elite”, o espectador sabe quem é o cadáver logo na estreia e volta no tempo. No Brasil, a trama original de “O Rebu” (Globo), de 1974, só revelou quem morreu no 50º episódio. A novela toda se passava nas 24 horas que envolviam a festa.
Na macrossérie de 2014, baseada na novela dos anos 1970, é investigado o assassinato de Bruno Ferraz, encontrado boiando na piscina de uma mansão em uma festa cheia de bebidas e traições. Disponível a assinantes no Globoplay.
EM ‘MERLÍ’, ALUNOS SÃO ESTIMULADOS À REFLEXÃO
No sentido oposto de “Elite”, mas também ambientada em uma escola da Espanha, a série “Merlí” é uma feliz alternativa da Netflix. Se em “Elite” a competição entre alunos caricatos é acirrada, nesta série catalã o estímulo é ao pensamento.
Por meio do professor de filosofia que dá nome à produção, um grupo de estudantes amplia sua visão de mundo e compreende melhor os seus próprios desejos.
Sem subestimar o público, conduz temas de forma descomplicada, madura e sem apelos por linhas teóricas de grandes nomes da filosofia. O entusiasta Merlí rema contra o conservadorismo. Não à toa, encontra a resistência daqueles que julgam seus métodos doutrinadores, e não libertadores.
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