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Celebridades
Descrição de chapéu LGBTQIA+

Lembranças da G Magazine, revista que desnudou famosos e subcelebridades e será tema de série

Fotógrafo, editora e homens que posaram pelados para a publicação falam sobre os áureos tempos, mas que alguns preferem esquecer

Da esq. para dir.: Mateus Carrieri, Tony Salles e Kleber BamBam - Reprodução
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Rio de Janeiro

A revista gay mais famosa do país vai ser assunto de uma série documental do Globoplay em 2025, conforme antecipou o F5. Histórias de bastidores não vão faltar na produção sobre a G Magazine, que despontou no cenário editorial em 1997 sob a alcunha de Bananaloca.

A partir da quinta edição, a publicação mudou seu nome para o que a levou às suas capas alguns dos homens mais desejados do país à época (e outros que fizeram sucesso pelos seus atributos físicos, mostrados em close e em ângulos pensados para satisfazer a todos os fetiches).

Alexandre Frota, Mateus Carrieri, Vampeta, Túlio Maravilha, Roger (ex-goleiro), Rodrigo Phavanello, Tony Salles e outros famosos já confirmaram participação no documentário. Todos eles assinaram contrato de confidencialidade e não podem dar entrevistas enquanto a emissora não autorizar.

Ao longo de quase 16 anos, a revista criada pela jornalista Ana Fadigas desnudou artistas, atletas e subcelebridades, numa ousadia inédita até então, que ia além do nu explicito. A G apostava na pluralidade de corpos e etnias e, embora a grande maioria dos retratados fosse jovem, homens maduros também apareceram em suas páginas. David Cardoso, Victor Wagner, e, o roqueiro Roger, do Ultraje a Rigor, hoje um ativista de direita, foram alguns deles.

"A revista significou muito para o público alvo, os leitores sentiam um apoio irrestrito na G, e isso a fez muito importante", defende Ana.

Para alguns, posar nu representava mais que o cachê: era uma forma de prolongar os 15 minutos de fama e engrossar a conta bancária com presença VIP, principalmente se fosse um ex-BBB. O ator Mateus Carrieri, 57, foi o primeiro famoso de fato a estampar a capa da publicação, em agosto de 1998; entretanto, seu ensaio havia sido realizado meses antes.

O lançamento foi adiado para que sua imagem não fosse associada ao seu personagem em uma novela infantil na época. Foi Carrieri quem abriu as portas para outros célebres mostrarem a nudez de forma despudorada.

Logo depois vieram David Cardoso Jr, Vampeta, Dinei, Théo Becker, Rafael Vanucci e outros famosos (ou quase). Entretanto, foi Alexandre Frota, 60, quem rompeu tabus com ensaios polêmicos, seja usando botas femininas ou beijando outro homem.

Ele e Carrieri deram projeção à G, mostrando que a decisão de posar para uma revista gay não tinha, necessariamente, relação com a orientação sexual do fotografado. Não foram apenas eles que se tornaram um outdoor para o editorial; Vampeta, então jogador do Corinthians, foi o primeiro nu no segmento futebolístico; o ensaio do esportista, em 1999, gerou enorme repercussão pelas grandes proporções de certa parte de sua anatomia.

Colunistas e concorrentes

Os poucos anunciantes da revista eram saunas e boates, um claro sinal de que as grandes marcas não queriam ter sua imagem atrelada à revista. Mesmo assim, a publicação contava com um público fiel, além de um time de colunistas conhecidos, como Nany People, João Silvério Trevisan, Jean Wyllys, Evandro Santo e outros.

Santo, ex-integrante do "Pânico na TV!", relembrou o período: "Foi a revista mais corajosa que tivemos, eu fazia de graça, mesmo no auge do Christian Pior [seu personagem no programa]; a G trouxe famosos que nunca pensamos em ver antes, inclusive namorei um tempo um dos recheios", contou ao F5. O ‘recheio’ eram os ensaios internos, geralmente com modelos desconhecidos.

Ex-integrante da boy band Dominó, Klaus Hee, posou duas vezes para a G. Evangélico desde 2021, ele se arrepende apenas do segundo ensaio, em 2006: "Não havia necessidade de sair novamente, mas pedi um cachê 10 vezes maior que o primeiro". O valor rendeu a ele um Honda Civic na época. Atualmente, Klaus se dedica à música gospel. "Não quero aparecer muito, prefiro cantar e tocar louvando ao Senhor", disse.

A G não era a única no segmento, a publicação também tinha suas concorrentes, como a Íntima, para o público feminino —a grande diferença entre as duas é que na segunda não havia fotos que mostrassem ereções. Frota, Klaus e Marco Mastronelli foram os únicos que, além da G, posaram também para a Íntima.

Me inclui fora dessa

Procurados pelo F5, os ex-BBBs Iran Gomes (BBB6), Rogerio Dragone (BBB4) e Caetano Zonaro (BBB1), não quiseram comentar o ensaio para a G. Indagado sobre a produção da Globoplay, Zonaro limitou-se a dizer: "Estou sabendo, mas não aceitei fazer o documentário".

O ex-atleta Robson Caetano, 60, diz também ter rejeitado a proposta do canal de streaming: "Recebi o convite para gravar, mas não estou disposto a falar sobre isso. Se fosse há dez anos até toparia, mas agora não dá mais liga", contou ao F5. Robson descreveu a experiência há 24 anos como "bacana e inusitada".

O veterano ator Marcello Picchi, 75, atuou em diversas novelas e, em 2000, aos 51 anos, aceitou a proposta para desnudar-se nas páginas da revista. Hoje ele é lacônico ao falar sobre o ensaio. "A revista não decolou, começou com atores e esportistas e foi decaindo", diz, encerrando o assunto.

Fim do reinado

Durante anos, a G Magazine reinou imbatível, por direcionar seu conteúdo para além do erótico, com reportagens sobre saúde, comportamento e cultura. Com uma tiragem de 130 mil (em edições especificas), a revista teve enorme êxito antes da propagação online.

Um dos principais fotógrafos da editoria, Bauer Rodrigues, 70, estima ter realizado cerca de 300 ensaios e diz que fácil não foi. "Todos deram trabalho, as pessoas romantizam, acham que é a maior farra, mas não; é difícil, tem que ter muito respeito".

A G Magazine tentou acompanhar a evolução com a popularização da internet e lançou uma versão virtual, a G. Online, que mostrava também vídeos, mas não conseguiu segurar o público. Questionada se a ‘era virtual’ resultou no desfecho da G, Fadigas diz que este era um final já meio que esperado. "O reposicionamento após a internet foi mais difícil porque as vendas já estavam mais baixas por tudo isso [ensaios vazados em blogs], era o caminho a acontecer mesmo".

Em 2008, Fadigas vendeu a publicação para um grupo norte-americano. Era o início do declínio, com anônimos nas capas. O derradeiro adeus foi com o modelo russo Sergey Henir em 2013, após 176 edições. Era o fim do nu masculino escancarado no Brasil.

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