'Não sou feminista, sou feminina', diz ex-Feiticeira Joana Prado
Radicada nos EUA, ex-símbolo sexual abraçou religião e se diz arrependida do passado, quando foi estrela da Playboy mais vendida do país
Há exatos 25 anos, a modelo Joana Prado, então com 21, estreava na TV Bandeirantes dançando sensualmente de biquíni e interpretando a Feiticeira do programa H, de Luciano Huck. Na época, ela achava que aquilo seria passageiro, um "bico" para ajudar a pagar a faculdade de administração. Mas não foi bem assim.
A sedutora personagem que tinha o rosto coberto por um véu virou um marco tanto na TV quanto nas revistas masculinas: a edição da revista Playboy de 1999 da qual foi capa é a campeã absoluta de vendas no país até os dias de hoje, com 1,4 milhão de exemplares adquiridos. Corta para 2023.
Duas décadas e meia depois, Joana Prado, 46, se diz uma nova mulher. Abraçou a religião e arrepende-se de ter sido a Feiticeira, apesar de admitir que, financeiramente, a fase foi ótima. "Hoje não seria cabível interpretar uma personagem sensual que mostra o corpo", conta ela, da Flórida, onde mora com o marido, o lutador Vitor Belfort, e os três filhos adolescentes. Leia a entrevista abaixo:
Há 25 anos o Brasil conheceu e Feiticeira, um fenômeno da TV. Tem boas recordações?
Faz parte da minha história, todos nós temos passado. Foi um momento em que era menina, hoje estou com quase 47 anos. Naquela época eu fazia faculdade de administração de empresas com ênfase em comércio exterior, ou seja, meu objetivo era estar nos Estados Unidos. De repente, me vi como um símbolo sexual, dançando de biquíni na TV aberta em rede nacional. No princípio foi muito difícil.
Por quê? Porque eu cresci em uma família conservadora de classe média, com pai engenheiro civil e mãe economista. Para eu entender a personagem e conseguir interpretá-la tive que trancar a faculdade e fazer teatro. Só depois disso consegui curtir e entender quem era a Joana e quem era a Feiticeira.
Financeiramente valeu a pena, não?
Quando agarrei a oportunidade, pensei: vou capitalizar ao máximo. Soube investir muito bem minha grana, comprei imóveis residenciais e comerciais, investi em banco, nunca fui de gastar e ostentar. Na época da Feiticeira, eu tinha produtos, chiclete com meu nome, caderno estampado. Deu para capitalizar.
Você se arrepende de ter sido a Feiticeira?
Quando se fala em arrependimento, digo que essa palavra em hebraico significa mudança de direção. Em grego, mudança de pensamento. Ao entender essa perspectiva, digo que me arrependi, porque mudei de pensamento e de direção. Hoje não seria cabível interpretar uma personagem sensual que mostra o corpo. Vivo outra fase, me converti ao cristianismo, tenho filhos.
Como era a vida de sex symbol?
Tinha muito assédio, mas era diferente de hoje em dia. Chegou a um ponto em que eu não conseguia jantar, estava num restaurante e tinha que sair pela porta dos fundos porque tinha gente me seguindo. Mas levei numa boa, eu era bem resolvida. Já o assédio mais perigoso não existia, mesmo eu estando no auge. Parecia que os homens tinham medo de mim. Nunca me senti invadida.
Você é a estrela da capa da Playboy (1999) mais vendida da história. Algum comentário a fazer?
Não estou nem aí para a Playboy, para esses números, não me importo com isso. Ser recorde de vendas nunca foi um objetivo, assim como não era posar nua. Ganhei mais grana, mas não mudou nada, é mais um fato. Até mostro fotos dessa época aos meus filhos, sou bem resolvida. Vejo o tanto que evoluí, amadureci. Tudo fez parte do meu crescimento.
Você se considera feminista?
Não sou feminista, sou feminina. Sou uma mulher independente, comecei a trabalhar aos 13 anos. Mas tenho minhas prioridades, que são Deus em primeiro lugar, meu marido e meus filhos, a casa e o trabalho. Cuido de uma rede de academias aqui na Flórida, estou na gestão, na operação diária. Tenho uma ONG na qual trabalho ativamente com o tema do tráfico de pessoas. Vida muito intensa de mãe, esposa e empresária, mais ou menos igual à rotina da maioria das mulheres modernas.
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