Débora Falabella diz que sociedade está voltando a ser 'tão conservadora quanto era antes'
Atriz é esposa submissa em minissérie 'Se Eu Fechar os Olhos Agora'
No ar em “Se Eu Fechar os Olhos Agora”, Débora Falabella, 40, volta às telas da Globo como Isabel, a esposa submissa do prefeito da cidade fictícia de São Miguel. Buscando cumprir o papel de “mulher ideal”, ela vive de aparências e tem seus desejos sufocados nessa minissérie, que gira em torno do assassinato improvável da jovem Anita.
Segundo a atriz, a realidade brasileira não é tão distante da trama, que se passa na década de 1960. “É uma história que poderia se passar em qualquer lugar, de uma sociedade que está parada no tempo”, disse em evento de lançamento da produção.
“Tem muitas coisas que continuam sendo do mesmo jeito", continua, citando a repressão contra as mulheres, o racismo e questão religiosa. "Tem muitas coisas que as pessoas vão se identificar e fazer uma relação com os dias de hoje, mas não que isso seja completamente explícito.”
Segundo ela, atualmente “está tudo igual”. “Essa sociedade voltando a ser tão conservadora quanto era antes. Depois de tantos avanços, é como se déssemos um passo para trás. [...] E claro que a resistência vai dar um passo à frente, de novo, e a gente vai caminhando nessa dificuldade.”
Tendo criado a filha para viver em “um lugar livre, em que ela possa ser quem ela quiser”, Falabella diz se angustiar com essa realidade.
Os dois moram com as filhas, Cecília (Marcella Fetter) e Vera Lúcia (Júlia Svascinna), na fictícia cidade de São Miguel, no interior do Rio de Janeiro. O cenário, na verdade, foi proporcionado por Catas Altas, município de Minas Gerais que fica bem perto da cidade natal de Falabella, e que realmente parece ter “parado no tempo”, lembrando um cenário.
Para estar em uma série onde todo mundo aparenta ser uma coisa que não é, tendo "algo de obscuro, secreto ou transgressor”, Falabella diz que teve uma preparação corporal e que procurou referências de época, como filmes antigos que assistiu com o pai.
A atriz, que já havia lido a obra de Edney Silvestre, acabou tendo papel aumentado na adaptação de Ricardo Linhares para a TV. Antes, sua personagem era apenas citada, sem ter grande envolvimento na trama.
Como artista, ela diz se divertir inventando uma nova vida para a personagem, mas não esconde o nervosismo. “Está sendo exibida para um público muito grande, então dá um friozinho na barriga”.
“Se Eu Fechar os Olhos Agora” chegou à TV aberta no dia 15 de abril, mas já podia ser vista há meses no Net Now. O serviço de streaming é bem visto por Falabella, que acredita ser esse o “futuro da geração”, uma “tendência mundial”, apesar da forte cultura das novelas no Brasil.
Quem sabe assim, ela poderia emplacar ainda mais sucessos como “Avenida Brasil”, novela na qual a atriz interpretou Nina García e pela qual recebe feedbacks até hoje –inclusive, de fãs estrangeiros.
Prova de sua aptidão é que a atriz também está na série “Aruanas”, que será disponibilizada pelo Globoplay ainda em 2019, e já promete uma segunda temporada.
“Essa série me modifica como pessoa, como cidadã, principalmente pelo que ela fala. E por já ter visto de perto. Eu já tinha ido para a Amazônia com a minha filha, mas [em ‘Aruanas’] a gente ficou por muito tempo, conversou com pessoas que são de lá... Então saio dela com outra consciência”, comentou a atriz.
Fora do streaming e da TV, Falabella ainda está gravando o longa “Depois a Louca Sou Eu”, de Julia Rezende, e participa da companhia de teatro Grupo 3. “Me sinto muito feliz e privilegiada, e quero continuar exercendo a minha profissão no meu país”, avalia.
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