Saída de Prior do BBB 20 reflete a polarização vigente no país e deu vitória às feministas
Arquiteto é o décimo eliminado do reality, com 56,73% dos votos
Que este Big Brother é diferente dos outros, já sabíamos. Desde a primeira semana, o programa se impregnou de política. Não no sentido miúdo da palavra, com os participantes defendendo esta ou aquela figura pública, mas no amplo: visões de mundo conflitantes entraram em rota de colisão nesta vigésima edição do reality da Globo.
Em português mais claro: o machismo deu as caras logo no começo do jogo, e foi posto para correr. Tanto dentro da casa, com a mulherada se unindo contra os supostos machos-alfa que queriam submetê-las a ridículos "testes de fidelidade", como, principalmente, daqui do lado de fora.
O público não perdoou Chumbo, Petrix, Hadson, Lucas e Guilherme. Sobrou até para Bianca, conhecida como Boca Rosa, vista com aliada eventual dos rapazes. Milagrosamente, do grupo inicial de brucutus, só Felipe Prior sobreviveu. E começou, por vias tortas, a reescrever sua narrativa. Sua "verdade", como gostam de dizer os brothers.
Prior foi um dos protagonistas do BBB 20. Tem carisma e personalidade dignos de um vencedor. Mas seguiu tendo atitudes reprováveis no trato com o sexo oposto. Não foi por outra razão que o Mídia Ninja, um site de notícias ligado à esquerda, digitou um singelo #ForaPrior em seu perfil no Twitter.
Foi o bastante para que o MBL, ligado à direita, imediatamente aderisse à campanha #ForaManu, a grande adversária de Prior neste paredão (Mari, desta feita, não passou de coadjuvante).
A treta esquentou nas redes sociais e chegou a Eduardo Bolsonaro, o filho Zero-Três do presidente da República. O deputado admitiu que não acompanha o programa, mas, já que o pessoal da direita está apoiando Prior, então ele também apoiaria.
E assim, o que seria apenas um paredão emocionante –nas enquetes da internet, Prior e Manu passaram dois dias em empate técnico– tornou-se um reflexo da polarização política que rachou o Brasil. Um terceiro turno da eleição presidencial de 2018? Uma prévia do que ainda vem por aí?
Talvez graças ao confinamento, a votação bateu um recorde histórico. Sem nada melhor para fazer, os internautas clicaram mais de um bilhão e meio de vezes em quem achavam que deveria ser eliminado. E o eliminado foi Prior, com 56,73%. Uma diferença para Manu muito menos apertada do que o resultado no photochart que sugeriam as enquetes online.
O que foi que aconteceu? Toda uma galera ligada ao mundo do futebol, com ninguém menos do que Neymar à frente, se mobilizou para eliminar Manu e manter Prior na disputa. Toda uma galera ligada à direita e seus extremos também aderiu à brincadeira, numas de lacrar em cima da esquerdalha mimizenta politicamente correta.
Não rolou. As fadas sensatas, capitaneadas por Bruna Marquezine, talvez com mais cancha de voto no BBB do que esses arrivistas todos, ganharam mais uma. O feminismo cravou mais esta. Manu, a desligada, continua no jogo.
E Eduardo Bolsonaro, que nesta segunda (30) soltou um “hole family” no Twitter, entrou de gaiato num jogo onde não foi chamado e caiu no buraco outra vez.