Eliminação de Bianca Andrade embaralha a narrativa virtuosa do BBB 20
Intenção dos votantes do programa não é mais tão clara quanto aparentava ser
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Ah, que pena. Estava tão fácil analisar esta vigésima edição do Big Brother Brasil. Desde a primeira semana do programa, o público parecia decidido a fazer justiça com as próprias mãos. A varrer o machismo da face da Terra e se vingar de alguns vencedores de edições passadas, que levaram o prêmio final mesmo exalando preconceitos.
Um a um, os boys-lixo foram sendo eliminados: Lucas Chumbo, Petrix, Barbosa Hadson, Lucas. A ficha demorou, mas quando caiu, instaurou o pânico dentro da casa: como assim, os machos-alfa estão caindo fora?
Prior tinha certeza de que seria o próximo. Eu tinha certeza de que Prior seria o próximo. Outros comentaristas tiveram a mesma sensação, confirmando a narrativa que parecia emergir desde o começo de jogo: o BBB 20 refletia um país mais progressista, sem tolerância para a intolerância.
Aí veio o quinto paredão, uma disputa tríplice entre Prior, Flayslane e Bianca. E essa última, influenciadora digital com mais de nove milhões de seguidores nas redes sociais, foi defenestrada com cerca de 53% dos votos.
O curioso é que, no domingo passado (22), uma imagem da moça captada na festa de sábado viralizou na internet. Bianca aparece agachada no chão, dançando um funk ao mesmo tempo em que saboreava uma espiga de milho. Foi imediatamente apelidada de “melhor pessoa”, honraria que os internautas reservam a chefes de estado que vencem guerras.
Onde foi que a Boca Rosa (seu "apelido oficial") errou? Há quem diga que ela foi punida por ter se colocado, reiteradas vezes, ao lado dos meninos maus. Uma mulher antifeminista, portanto, e que merece o fogo do inferno.
Não duvido que a vlogueira tenha mesmo atraído a ira de quem pensa assim, mas suspeito que as razões de sua derrota sejam mais complexas. Há o fato de ela se expor muito mais que suas colegas do grupo VIP, revelando paixões e imperfeições que alguns espectadores não perdoam.
Também há um fenômeno a se considerar: subitamente sozinho dentro da casa, sem o entorno de sua turma de rapazes sarados, Prior viu sua popularidade crescer. O público ficou com dó do machinho desamparado.
O fato é que a ausência de qualquer um dos três emparedados desta terça (25) fará falta à competição. Os brasileiros ainda não aprenderam a tirar primeiro as moscas mortas, preferindo punir logo de cara quem identificamos como vilões. Depois o BBB vira uma pasmaceira e não sabemos por quê.
Contra quem as baterias se voltarão agora? Temo por Pyong Lee. O hipnotizador foi massacrado, na web e até dentro da casa, por participar do reality justamente quando sua mulher estava prestes a dar à luz.
Todo mundo se esquece que os dois devem ter discutido longamente a respeito disto, e chegado à conclusão óbvia de que, mesmo que não vença, Pyong sairá do BBB 20 bem mais conhecido do que entrou. E potencialmente mais rico, o que será ótimo para seu filho, Jake, nascido na semana passada.
Pyong é um dos pilares dessa edição. Sua eliminação será um desastre para o andamento do jogo. Vamos ver quanto tempo ele sobrevive, e se terá algum tipo de ajudinha da edição.