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Descrição de chapéu Três Perguntas Para...

De volta a 'Pantanal', Paulo Gorgulho usará figurino que guardou por 32 anos

Ator manteve chapéu e bombacha de Zé Leôncio, usados na novela da Rede Manchete

Paulo Gorgulho faz participação especial como Ceci no remake de 'Pantanal' - Divulgação/Globo

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Campinas

Único ator a gravar "Pantanal" do início ao fim em 1990, quando interpretou dois personagens, Paulo Gorgulho, 62, revisita a trama neste ano, dando vida a Ceci. O personagem é uma homenagem ao ator e aos fãs da novela, e cria um diálogo entre a história original e seu remake, com estreia marcada para o dia 28 deste mês.

Escalado como Zé Leôncio na primeira fase da novela exibida há 32 anos na extinta Rede Manchete, o ator se destacou e recebeu um novo convite: ser José Lucas de Nada na segunda metade da trama.

"Na época, eu estava casado e, durante a gravação de 'Pantanal', a Vânia, que é a minha esposa, ficou grávida da Catarina. Ela nasceu em novembro, já no final da gravação", conta o ator, que afirma ter ficado no Pantanal de 2 de janeiro a 25 de novembro daquele ano. Agora, ele espera que a novela lhe traga um neto, como prometido pela filha.

Além de coroar seu terceiro personagem na mesma trama, Ceci também reaquece as mais doces memórias do ator. Gorgulho conta que pode usar peças do figurino de 1990, que guardava como lembranças, na nova novela.

"Eu tinha guardado o chapéu e a bombacha (calça) do Zé Leôncio, originais de quando eu fiz 'Pantanal'. O Rogério e a Maria, figurinista, foram muito generosos e acabamos adaptando isso. Meu personagem agora, nessa versão da Globo, usa o mesmo figurino que usei lá no 'Pantanal' original, que eu tinha guardado comigo", conta de forma alegre.

Ceci é um grande amigo do Joventino (Irandhir Santos), que o acompanhou por toda uma vida em suas comitivas de boiada por todo o país. No início da trama, os dois protagonizam um diálogo simbólico que precede a vinda de Zé Leôncio.

Além de sua participação na novela, o ator foi confirmado nesta quinta (10) como parte do elenco da série "Todo Dia a Mesma Noite", produzida pela Netflix e prevista para estrear em janeiro de 2023, sobre a tragédia do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS).

Ele é entrevistado na seção Três Perguntas Para..., por onde já passaram nomes como Larissa Nunes, Jayme Matarazzo e Clara Duarte. Confira:

De que forma Pantanal impactou sua carreira e sua vida, há 32 anos?

Olha, foi um divisor de águas, para mim e para todo mundo. Foi um sucesso estrondoso nacionalmente, e até internacionalmente: uma novela que foi vista em dezenas de países, numa época em que não existia internet, não existia telefone celular, não existia nada. Foi muito forte mesmo, uma mudança de vida, uma mudança de rumo —ou uma definição de rumo—, uma definidora de mundo, sabe?

Qual a sensação de voltar a 'Pantanal', agora no remake? Você sentiu saudades de ter ido até o Pantanal, cenário que você conheceu algumas décadas atrás?

O tempo é implacável, né? Isso foi há 32 anos, e a vida hoje é outra. Então, voltar à novela da maneira como o Rogério Gomes, o Papinha, o diretor geral e autor trataram, foi uma grande emoção. Eu ainda encontrei pessoas da época, poucas, mas ainda da época. E estar sendo homenageado com essa passagem de bastão, com essa coisa especialmente escrita para eu fazer, foi muito emocionante, mesmo.

Mas saudade, não, não sentia. [Senti] num momento ou outro, [mas] a gente viveu plenamente aquilo, não deixamos um rastro para trás, nenhum rabicho. Na verdade, rastros deixamos muito, mas nenhum rabicho. Fiquei feliz pela nova experiência, pelo novo momento, por estar podendo participar disso de novo. Eu vi as chamadas e são espetaculares —as imagens, o texto é ótimo—, me sinto muito feliz de estar participando disso de novo.

Como você enxerga hoje, com três décadas de distanciamento, todo o sucesso de 'Pantanal', que abalou a Globo em uma época em que a emissora era a principal referência audiovisual no Brasil?

Ah, com muita alegria! Acho que foi um movimento ótimo, que realmente abalou mesmo. Houve ali um corre-corre como se tivéssemos pisado num formigueiro e as formigas ficassem um pouco tontas... E ficaram, né (risos).

Mas foi bom, muito legal participar disso —não só do ponto de vista de satisfação pessoal, realização pessoal, quanto de um movimento para as artes audiovisuais do Brasil. Foi bom porque impulsionou para um novo caminho de estética, tanto visual quanto dramatúrgica, um caminho bom. Foi rico e, depois disso, produziram-se grandes textos e grandes trabalhos audiovisuais no Brasil.

Então, fazer parte dessa chacoalhada. Ajudou a tirar a poeira, foi bacana para caramba, e a gente vê que mudou a linguagem. Hoje eu vejo que a linguagem que "Pantanal" trouxe, que o Jayme [Monjardim] propôs, com a abordagem de texto que o Benedito [Ruy Barbosa] propôs e a forma como a gente fez, mudou a linguagem do audiovisual no Brasil. Mudou mesmo, não foi fogo de palha, foi concreto.