Tudo começou quando o cartunista Henfil (leia mais abaixo) se mudou para os Estados Unidos. Para diminuir a distância do filho, resolveu inventar algumas histórias e enviar por correio para Ivan. O garoto tinha cerca de quatro anos de idade e guardou os desenhos com carinho. "Eu me divertia muito", conta.

De volta ao Brasil, Henfil continuou com o ritual. "Meus pais eram separados. Quando ele ia me visitar, geralmente sentava, começava a desenhar o sapo e a me contar suas histórias", lembra Ivan, que deu nome ao personagem porque seus olhos, segundo Henfil, nasceram arregalados, parecendo um sapinho. "Ele dizia: vou criar esse sapinho como se fosse meu filho."

Ivan, hoje com 42 anos, apresentou o projeto para a editora Nova Fronteira, que está publicando os livros com os desenhos originais. E os textos? Ivan foi buscar na memória as palavras e o enredo de Henfil. "A letra é dele. Aproveitei um texto que ele deixou escrito, montei letra por letra para formar as palavras. Como se ele tivesse escrito."

Já foram lançados oito volumes, que incluem "Sapo Ivan e a Piscina Nova", em que o danado se mete na água mesmo sem saber nadar. Tem também "O Sapo que Queria Beber Leite", em que Ivan se irrita porque dizem a ele que sapo não bebe leite. Mas o coitado morre de vontade! Ao todo, serão lançados 12 livros da coleção.

Os textos, simples e divertidos, são voltados para crianças de 3 a 7 anos.

Quem foi Henfil?

O cartunista Henrique de Sousa Filho, mais conhecido como Henfil (1944-1988), ficou famoso por desenhos com forte teor político-social (era um dos grandes defensores do fim da ditadura). Foi colaborador do importante jornal "Pasquim".

Alguns de seus personagens mais famosos são os fradinhos Cumprido e Baixim, a Graúna (que criticava o governo do Nordeste) e Ubaldo, o paranoico (que temia a volta da ditadura).

Henfil tinha hemofilia, doença genética que herdou de sua mãe. Ela tornava-o incapaz de controlar sangramentos do seu corpo.