Tony Goes

Luana e a nova 'Playboy' estão batendo um bolão, mas será que ainda existe o gol?

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Finalmente, depois de meses de expectativa e uma tumultuada festa de lançamento, a nova "Playboy" brasileira chegou às bancas. E chegou imensa: com mais de 150 páginas, lombada quadrada e dezenas de anúncios de marcas de prestígio.

Na capa e no recheio, Luana Piovani, a diva desbocada —e agora, pela primeira vez em sua carreira, totalmente desnudada. Só que não.

Apesar do nu frontal, Luana não se expõe totalmente em nenhuma das belíssimas fotos de Christian Gaul. Há sempre uma pose mais discreta, uma cortina esvoaçante, uma peça de lingerie.

Quem comprar a revista com aquele objetivo básico em mente vai se decepcionar. Assim como o famoso ensaio de Maitê Proença na Sicília, publicado pela antiga encarnação da "Playboy" em 1996, as fotos de Luana estão mais para o artístico do que para o provocante. E surpreendentemente em linha com a nova direção da matriz americana, que decidiu, no final de 2015, abolir a nudez total de suas modelos.

Mas o fato é que Luana está batendo um bolão. Com quase 40 anos de idade, já mãe de três filhos (teve gêmeos no ano passado), ela surge deslumbrante, sedutora, impecável. Claro que o Photoshop passou por ali: a própria atriz admitiu. Mas isto não desmerece o conjunto da obra.

O "timing" também foi perfeito. Afastada da TV há mais de um ano (seu último trabalho foi a minissérie "Dupla Identidade", exibida pela Globo em 2014) e sem nenhum projeto prestes a estrear, Luana precisava de um lance de marketing para voltar à mídia. Conseguiu.

​A "Playboy" também conseguiu voltar, e em grande estilo. Este primeiro número da nova fase está primoroso. Há uma longa entrevista com Neymar, retomando a tradição de altos papos com figuras fundamentais. Também há matérias de estilo de vida, dicas de viagem e cultura, humor sutil e uma belíssima direção de arte. Parabéns a todos os envolvidos.

Mas eis que surge a pergunta que não quer calar: será que é o suficiente? A antiga “Playboy”, publicada por 40 anos pela editora Abril também tinha tudo isso. E no entanto viu sua tiragem minguar nos últimos tempos, vitimada, principalmente, pela abundância de mulheres nuas na internet.

Como revista, a nova "Playboy" está quase perfeita. Como produto, não sei. Ainda existe mercado para ela? Conseguirá conquistar uma nova geração de leitores, desacostumados a pagar pelas informações que consomem? Ou só terá apelo à velha guarda, que ainda associa o logo do coelho a um mundo de prazer e sofisticação?

É a tal história: de que adianta bater um bolão, se já não existe mais o gol a ser marcado?

Tony Goes

Tony Goes (1960-2024) nasceu no Rio de Janeiro, mas viveu em São Paulo desde pequeno. Escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. Ele também atualizava diariamente o blog que levava seu nome: tonygoes.com.br.

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