Por que a notícia do 'divórcio' de Gisele Bündchen só bombou no Brasil?
Acabou-se o que era doce. Depois de seis anos de felicidade absoluta, terminou o casamento de Gisele Bündchen e Tom Brady. Os dois teriam quebrado o maior pau durante o jantar de aniversário dele, no último dia 3.
Não importa que, nesse mesmo dia, a über-model tenha postado no Instagram uma foto com o marido e os filhos acompanhada por uma declaração bilíngue de amor a ele. Nem que a fonte da notícia seja a suspeitíssima revista "Ok", uma das menos confiáveis do mundo. Os brasileiros não só acreditaram, como levaram o assunto aos trending topics (assuntos mais comentados) globais do Twitter.
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O boato repercutiu no mundo inteiro, mas nem de longe causou o mesmo alvoroço nas redes sociais que provocou por aqui. Uma das razões é o fato de Gisele ser famosa lá fora, mas não desfrutar do mesmo status de divindade que tem no Brasil.
Nossa compatriota não chega a ser um "household name" nos Estados Unidos, aquele tipo de celebridade que até as velhinhas conhecem pelo nome. Tanto que ela tem empresários diferentes lá e cá, pois sua imagem não é a mesma nos dois países. A Gisele americana aparece em anúncios de revista para marcas de luxo. A brasileira faz campanha de pasta de dente na TV.
Mas como explicar esse aparente desinteresse por sua situação conjugal, se o maridão Tom Brady é um superstar do futebol americano? Além de jogar no time que venceu o Super Bowl deste ano, Brady ainda se viu envolvido no escândalo "Deflate-Gate", que pode prejudicar sua carreira. Ou seja, o cara não sai das manchetes. E no entanto, ninguém está nem aí se ele continua casado ou não.
Então vou arriscar uma outra teoria. Nós, brasileiros, nunca fomos um povo que lê muito. A venda de jornais e revistas sempre foi muito baixa em relação ao tamanho da nossa população.
Por outro lado, nos atiramos de cabeça na internet. Principalmente nas redes sociais, que são o principal atrativo para nos mantermos conectados. Não entramos na web em busca de conhecimento: queremos é encontrar os amigos, bater papo e fazer fofoca.
Hoje em dia já temos muita informação, mas ainda pouca formação. Vemos uma novidade qualquer em nossa "timeline" e corremos para amplificá-la, sem prestar atenção no veículo onde ela surgiu. Às vezes, nem na data: já vi gente se escandalizando com notícias de dois anos atrás, como se tivessem acabado de acontecer.
Nesse ambiente de vale-tudo, a Folha tem tanta credibilidade quanto blogs que nasceram anteontem. Ou até menos: muita gente desconfia automaticamente de tudo que sai na grande imprensa, enquanto a versão de um desconhecido é sempre verdadeira.
Fomos os únicos a fazer um escarcéu com o suposto mal de Alzheimer de Jack Nicholson, jamais confirmado por ninguém além da revista "Star". E agora temos certeza de que foi Christine Ouzounian o pivô da separação entre Tom e Gisele.
A ex-babá dos filhos de Ben Affleck (e suposta amante do ator ) apenas viajou no mesmo avião que Tom, e nem teria sido a única passageira a posar com os anéis do jogador. Mas, para muitos de nós, ela é uma destruidora de lares em série.
Enquanto acreditarmos em rumores sem maiores consequências, está tudo bem. O problema vai ser quando esta desinformação generalizada nos levar a escolhas erradas, por exemplo, nas urn... ops.
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