Interessante lembrar que foi por ter dado um tapa na cara do ator Thiago Gagliasso que a lutadora Duda Yankovich foi expulsa do programa. Ontem foi a vez de Thiago dar um tapa. Na cabra. Todos foram punidos. Não poderão dormir em suas camas por uma noite.

"Agora tem que tratar cabra que nem gente", retrucou contrariado o jovem ator. Não é uma questão de tratar animal como gente. É que se deve tratar os animais com o maior carinho e respeito, como bem disse o texto que a produção do programa enviou ao informar o motivo da punição. E é muito importante que os participantes de um reality como este tenham isto muito claro. "Isso aqui é 'A Fazenda", explicou Joana Machado --eles são responsáveis sim por dar o bom exemplo.

Tudo bem que o ator acordou numa ressaca braba e o tapa nem foi tão forte assim. Mas não se pode bater nos animais e pronto. Se a regra valeu para ele, tem que valer para os bichos também, que são totalmente indefesos.

E a ressaca foi grande porque a festa foi animada! Ao som de "Festa de Arromba", na voz de Erasmo Carlos, os peões se prepararam vestindo figurinos à la "anos 60". Os rapazes ou de gola alta e jaqueta ou de terninho comportado. As meninas todas com mini vestidos de cores vibrantes e brincos e luvas combinando.

Quando chegaram à pista de dança, a anunciada banda cover dos Beatles já estava no palco e deu início à "reunião dançante". Posters de Elvis Presley e da "bonequinha de luxo" Audrey Hepburn enfeitavam a cena. "She Loves You", "Can't Buy me Love" e "Twist and Shout" foram alguns dos sucessos bem executados pelos covers dos meninos de Liverpool.

"Fama de Mau", "Biquíni de Bolinha Amarelinha" e "Alguém na Multidão" foram algumas das canções nacionais que embalaram a festa. Na vez de "O Bom", na voz de Eduardo Araújo, o cantor Marlon e Gui Pádua arriscaram subir ao palco para uma dublagem rápida. Os olhos do paraquedista brilhavam ao cantar o refrão que diz: "ele é o bom, é o bom, é o bom". Jarilene, estivesse na festinha, sem dúvida viraria para a câmera e soltaria com a empáfia que lhe é peculiar: "com licença, obrigada! Hum...ele se acha!".

E foi o atleta que foi buscar o bolo surpresa para comemorar o aniversário do ex-jogador Dinei, que portava uma peruca preta no melhor estilo Amy Winehouse. Ele se emocionou e fez até discurso. Pediu perdão a todos que porventura tenha magoado e confessou amá-los todos. Um por um foi tomando a palavra e declarando estar "vivendo aquele momento lindo".

Juras de amizade eterna. Só faltou soltarem "Amigos para Sempre" na trilha. Mas, como bem lembrou Gui Pádua outro dia: "tem dois milhões lá na frente". E só um será o ganhador.

"Sugar, Sugar", "Always on my Mind" e a infalível "La Bamba" ainda animaram o final da festa. Como sempre, ficaram até o fim Raquel, a Surfistinha, e Valesca Popozuda --que teve direito até a sentir-se completamente em casa dançando o funk "Elas Estão Descontroladas". Estilo que, nos idos anos sessenta, se alguém fizesse a mais tênue previsão de que surgiria no mundo da música, ninguém acreditaria.

"Pobre Menina, Não Tem Ninguém", ouviu-se ainda nas doces vozes da dupla Leno e Lilian, para arrematar a deliciosa trilha dos "sixties".

Mas "é preciso estar atento e forte" --como cantou Gal Costa (em "Divino, Maravilhoso") para o acordar dos peões na manhã seguinte. As lides os aguardavam. Tudo parecia tranquilo e cotidiano. Até que veio o tapa na cabra. A punição veio rápida. Bem feito.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"