Renato Kramer

'Espingarda de caçador tem dois canos, para caçar dupla caipira ruim', brinca José Hamilton Ribeiro

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O jornalista José Hamilton Ribeiro esteve no "Programa Amaury Jr." (RedeTV!) na última quarta-feira (9) para falar do seu mais recente livro: "Música Caipira – As 270 Maiores Modas" (Editora Globo).

"Foi por causa de sua convivência com as pautas do 'Globo Rural' que você resolveu fazer esse livro?", quis saber o apresentador. "Tem a ver um pouco", respondeu o autor, "mas, na verdade, eu nasci numa cidade do interior de São Paulo, Santa Rosa de Viterbo, em que a música caipira era um som", explicava o jornalista quando Amaury o interrompeu.

"Tem uma estátua sua em Santa Rosa de Viterbo?". "Não, não", respondeu Zé Hamilton, levemente encabulado. Então o apresentador cobrou no ar: "Santa Rosa de Viterbo, o que vocês estão esperando? Senão eu vou fazer lá em Rio Preto".

Lancamento do Livro Musica Caipira
José Hamilton Ribeiro no lançamento do livro "Música Caipira" - Bruno Poletti; Folhapress

O jornalista revelou que a música caipira era um som muito presente na sua infância. Mas fez uma ressalva: "Como em todos os gêneros musicais, tem muita coisa boa, mas tem muita coisa ruim também. Uma dupla caipira ruim provoca até repulsa. Tanto que um amigo meu diz que espingarda de caçador tem dois canos pra caçar dupla caipira", brincou.

"O que me levou a fazer esse livro foi extrair desse universo caipira o que tem de melhor. Retirar desse acervo riquíssimo da cultura brasileira aquelas peças que são de grande criatividade seja na letra, seja na música. Eu estava esperando um livro que contasse isso, que fizesse essa separação. Como ninguém fez, eu mesmo fui fazer", confidencia o pai das jornalistas Ana Lúcia e Teté Ribeiro, editora da "Serafina", revista encartada mensalmente na Folha.

Zé Hamilton contou com a colaboração de dois grandes pesquisadores no ramo: Júnior Borges, produtor rural e violeiro em Uberaba (MG), e José Maria Campos, catireiro e médico em Bom Despacho (MG). "Nos juntamos os três e fizemos a seleção das 270 maiores músicas caipiras. Aquelas músicas que você ouve sem ter nenhum risco de ficar mal humorado por pegar uma letra mal feita", declara o autor.

"Música caipira e música sertaneja é a mesma coisa", afirmou Amaury. "Não é a mesma coisa", discordou Zé Hamilton. "Têm pontos em comum, mas também diferenças. A música sertaneja é a do sertão brasileiro, a caipira é a música específica de cada região do Brasil."

E acrescentou: "Dentro desse universo, a música caipira seria a música regional do sudeste, pegando um pouco do sul, um pouco do 'centroeste'. Na região sudeste principalmente São Paulo, Minas e Goiás —agora também Tocantins, e para o sul pegando o Paraná, RGS... e indo para o norte e pro nordeste".

A primeira moda de viola, gravada em 1929, foi "Jorginho do Sertão", de Cornélio Pires interpretada por Mariano e Caçula respectivamente pai e tio do conhecido Caçulinha, que também participa do "Programa Amaury Jr." em vídeo previamente gravado.

O livro "Música Caipira", de José Hamilton Ribeiro, vem acompanhado de dois DVDs. "O primeiro é um documentário sobre os autores de música caipira atuais. Quem é que está fazendo música caipira hoje em dia". Entre as figuras de destaque, o jornalista cita Sérgio Reis, Zé Mulato e Cassiano, As Irmãs Galvão, os saudosos Tonico e Tinoco e Inezita Barroso a primeira dama da música caipira. Já o outro DVD contém as músicas propriamente ditas.

Renato Kramer

Natural de Porto Alegre, Renato Kramer formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Em São Paulo, formou-se como ator na Escola de Arte Dramática (USP). Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Já assinou a coluna "Antena", na "Contigo!", e fez críticas teatrais para o "Jornal da Tarde" e para a rádio Eldorado AM. Na Folha, colaborou com a "Ilustrada" antes de se tornar colunista do site "F5"

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