Marília Pêra dá show de atuação em cena tragicômica de 'Pé na Cova'
O episódio "Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores" do "Pé Na Cova" (Globo) da última quinta-feira (3) manteve o seu humor delicioso, sarcástico e politicamente incorreto entremeado com cenas de grande sensibilidade.
Tudo começou com uma cena de Ruço (Miguel Falabella, sempre carismático) jovem em flashback ao som da belíssima voz de Mercedes Sosa (1935-2009) em "Volver a Los 17" (Violeta Parra).
Em seguida um novo show da atriz Marília Pêra ao demonstrar os ciúmes de Darlene de uma eventual relação entre Ruço e Floriano (Rubens de Araújo). Ruço anuncia que vai visitar Floriano e levar flores em agradecimento porque o seu apaixonado lhe salvou a vida no último episódio.
"Visitar pode até ser, mas levar flores não vai mesmo!", cobra Darlene entre raivosa e magoada. Alessanderson (Daniel Torres, correto) quis saber porquê. "Se o teu pai entra na casa do Floriano com um buquê de noiva, amanhã o Irajá inteiro tá dizendo que eu vivi a minha vida inteira com um veado!", queixa-se Darlene.
"Quem falar que tu viveu a vida inteira com um veado, tem que falar que eu vivi a vida inteira com uma alcoólatra, tô errado?!", retrucou Ruço indignado. "Tá vendo, Alessanderson? O cavalo começou a dar coice! Quer saber? Vai, leva um buquê de rosas vermelhas de cabo longo, sabe como é?", retruca Darlene no mesmo tom.
Mas olha para o filho e muda o tom, tornando-se dramática e intensa como em segundos, como só a diva sabe fazer: "Agora você me pergunta, Alessanderson: 'Pô, mãe, você se casou duas vezes com o meu pai, por quê?' Porque eu sou burra! Eu tenho diproma [sic], mas eu no fundo sou burra!", desabafa Darlene tragicômica. Uma grande atriz se mostra numa pequena cena.
Para encerrar, ela ainda roga uma praga. "O sexo ofende mais do que o erro! Você não podia ter assumido o seu caso com o Floriano publicamente, Ruço! Ainda bem que você não morreu, Ruço. Porque eu juro que só de sacanagem eu ia te fazer uma maquiagem de drag queen e ia te botar uma faixa de Miss Paquetá!", exclama Darlene e chora. Em casa, choramos por lembrar que tanto talento se foi. O consolo é que a sua obra fica para sempre.
Frases marcantes de alguns personagens tentando dar força para Ruço "assumir": "Ai, Ruço, vai por mim, é melhor tu assumir! Eu te empresto a peruca. Se tu quiser eu te 'monto', viu 'bi'? Eu te deixo igual aquela loirona babadeira que tá sempre arrumando confusão", diz a poderosa Markassa (Maurício Xavier, sempre impecável).
"Se você resolver mesmo mudar de sexo, posso te emprestar uns 'looks'.Tá muito na moda virar mulher depois de velho!", diz a desvairada Luz Divina (Eliana Rocha, brilhante). "Ruço, o mundo mudou. Não há mais motivo para você não assumir!", argumentou o Dr. Zoltan (Diogo Vilela, numa ótima composição).
Não mais do que de repente, Markassa aparece de cabelos castanhos, toda trabalhada no chanel curtíssimo, pedindo um caixão para Ruço. "Pra que que tu quer um caixão, bicha?", pergunta Darlene. "Eu tenho que fazer um atendimento temático, Darlene! O tarado quer uma 'trava' se fingindo de morta!", diz Markassa com a suavidade de uma "Alice no País das Maravilhas".
"Eu vou escrever a biografia de Ruço. Vou deixar aquele homem nu para o julgamento da sociedade!", vinga-se Floriano. Darlene acaba convencendo Floriano de não fazer livro nenhum e de retirar uma queixa que fizera contra Ruço. Ela vai até o quarto do ex marido dar as boas novas. E a grande Marília Pêra dá outro show de sensibilidade em poucas falas. "Para de brigar com a vida!", conclui Darlene, "Para de questionar tudo!". Salve Marília!
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